O sistema autônomo para geração e armazenamento de energia solar, desenvolvido pela Itaipu em 2014, em parceria com o Exército Brasileiro voltou a operar de 21 a 30 de setembro, em uma comunidade da região amazônica. O sistema está instalado junto ao Pelotão Especial de Fronteira (PEF) do Exército em Tunuí-Cachoeira, distrito de São Gabriel Cachoeira (AM), próximo da fronteira com a Colômbia. No local, além dos militares, vivem um grupo indígena da etnia Baniwa.
A instalação é composta por gerador, banco de 12 baterias de sódio recicláveis e 63 conjuntos de painéis fotovoltaicos com potência de 180 kWpico, operados com apoio de módulos de controle e monitoramento a distância. Os painéis produzem energia suficiente para atender a demanda do PEF, da comunidade indígena e ainda carregar as baterias. Na prática, a energia gerada no painel fotovoltaico alimenta a rede e o excedente carrega a bateria. Durante a noite, quando não há luz solar, a bateria abastece a rede. A ideia é que o gerador a diesel funcione apenas como backup.
Em 2018, os equipamentos chegaram a funcionar no mesmo loca por cerca de dois meses. Mas depois apresentaram problemas técnicos e ficaram fora de operação. Com o apoio do Exército, os técnicos de Itaipu corrigiram os problemas e religaram o abastecimento da comunidade, que não é atendida pelo Sistema Interligado Nacional (SIN).
A energia elétrica chegará para aproximadamente 60 militares do pelotão do Exército (alguns que vivem no local com suas famílias) e a comunidade indígena com aproximadamente 200 pessoas, levando mais energia para casas, escritórios, escola, igreja e ambulatório médico, além da iluminação das ruas.
A ideia é que a energia gerada nos painéis fotovoltaicos atenda a demanda local, substituindo gradativamente o gerador a diesel (combustível fóssil), diminuindo bastante as emissões de dióxido de carbono (CO²). Além disso, haverá economia, uma vez que o valor do óleo diesel que alimenta o gerador é encarecido na Amazônia pelos custos do transporte, feito de balsa, levando dez dias de Manaus a Tunuí, ao custo de R$ 45 o litro.
A eficiência também será maior, já que antes o diesel conseguia suprir apenas o PEF por oito horas por dia. Agora, o pelotão tem energia 24 horas por dia e a comunidade passou a ter energia das 8h às 24h. Com base na atual demanda de energia (PEF comunidade), estima-se que o sistema está evitando o consumo anual de 98.550 litros de diesel, o que representaria 256,2 toneladas de CO² (ou 1.790 árvores).
Em defesa do investimento, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna lembrou que a maior parte da Amazônia fica em território brasileiro e que é necessário aliar qualidade de vida, desenvolvimento econômico, defesa das fronteiras e preservação do meio ambiente. “Não há desenvolvimento sem energia. Esse sistema oferece uma solução com energia limpa, renovável, e tem potencial para ser levado para outras comunidades isoladas do País”, afirmou.
O técnico eletromecânico, Claudinei Guilherme Hoffmann, da Divisão de Serviços de Itaipu, que esteve na localidade em 2017 para a instalação física dos equipamentos, observou dessa vez melhoria nas condições de infraestrutura da comunidade, como as instalações elétricas da rede pública, que possibilitarão um melhor funcionamento do sistema. “A expectativa de ter maior disponibilidade de energia trouxe ânimo aos moradores, que agora já podem adquirir com segurança equipamentos elétricos, como freezer e geladeira”, comentou.
O projeto também inclui a capacitação de mão de obra local para a manutenção do conjunto, com apoio do Exército. Também já é possível fazer o monitoramento remoto dos equipamentos, em tempo real. “Enquanto o sistema estiver ativo, poderemos ver se as baterias estão carregadas, descarregadas ou quando o gerador é ligado”, exemplificou.
Fonte: Portal Solar
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