Enquanto não aprendermos a construir consensos entre nós, seguiremos sendo separados pelos espelhos disfarçados de financiamentos, de cargos, de incentivos fiscais e de outras formas, para seguirmos colônias do Sudeste ou do exterior, acomodados e pagando mais tributo do que prega a Constituição Federal, onde áreas menos desenvolvidas devem buscar a redução das desigualdades. Até quando?
Augusto César Barreto
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Nem risco, nem oportunidade. Este assunto não aparece em pautas sérias. Talvez esta questão tenha iniciado em 1689, por causa do tcheco Samuel Fritz, pela Companhia de Jesus a serviço da Espanha. Portugueses consideraram esta hipótese ao acusá-lo de espionagem. Desde então, há toda uma corrente alarmista que usa este artifício para tentar construir uma armadilha de discurso nacionalista e de interesse para com a Amazônia. Todavia, ressabiados como somos, isso também não emplaca por aqui. Esta hipótese não para de pé.
Entretanto, se parasse, seria mais risco ou mais oportunidade, para nós que moramos por aqui? Em minha visão não parece ter muita diferença do ponto de vista econômico. O Brasil não liga verdadeiramente para a Amazônia como poderia. Há pouco interesse objetivo, desde sempre, em fazer coisas na região. É como se fosse meramente uma reserva para o futuro, o que não é mal, mas não é o melhor para quem vive aqui e no presente.
Ser um terreno guardado para especulação por um país já rico em potenciais naturais é tudo de bom para o dono do terreno e nada de bom para quem fica servindo de caseiro para o futuro. Mas será que somos mais do que caseiros? Não me parece mal ser caseiro, mas acredito que temos potencial para muito mais neste momento. Temos talentos demais que seguem sendo desperdiçados e as palavras sobre a região continuam apenas jogadas ao vento, com um mínimo de ações efetivas para reduzir o baixo desenvolvimento humano que nos assola.
O que é desenvolvimento efetivo para nós? Esta é uma pergunta que falta convergência por aqui. Até hoje não esqueci de um debate que fiz com um pesquisador do INPA sobre a BR-319 (ele radicalmente contra e eu com pensamento oposto). Naquele dia, oportunizado pela Fundação Djalma Batista, pude compreender verdadeiramente como temos visões divergentes movidas pelo mesmo ideal e como nos falta a capacidade de convergir para consensos.
A Zona Franca de Manaus ou o Polo Industrial de Manaus passa por questão semelhante. Enquanto não aprendermos a construir consensos entre nós, seguiremos sendo separados pelos espelhos disfarçados de financiamentos, de cargos, de incentivos fiscais e de outras formas, para seguirmos colônias do Sudeste ou do exterior, acomodados e pagando mais tributo do que prega a Constituição Federal, onde áreas menos desenvolvidas devem buscar a redução das desigualdades. Até quando?
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