Augusto César Barreto Rocha (*)
A urgência da saúde em relação ao Covid-19 é sem precedentes. Serão necessárias também medidas sem precedentes no campo da Economia e Transportes, para a continuação das atividades com um mínimo de organização e fluidez, conforme à vida for voltando ao curso usual, uma vez que não haverá retorno à realidade anterior. Sairemos todos transformados desta enorme quarentena. Empresas pequenas e médias possuem pouco caixa e capacidade financeira em sua operação normal. Por exemplo, nos EUA, segundo levantamento recente do J.P. Morgan, 1/3 das empresas menores não ganham dinheiro em suas operações, 47% delas possuem caixa apenas para duas semanas.
Sentença de morte
Mesmo sem dados de fácil acesso sobre o Brasil, é possível inferir que a realidade não será muito diferente e provavelmente um pouco pior. Desta forma, um impacto tão brutal nos negócios, como o que está acontecendo, será uma sentença de morte para a grande maioria destas operações. Os pequenos negócios no Brasil representam 52% das carteiras assinadas, 40% dos salários pagos, 27% do PIB e são 8,9 milhões de empresas, segundo levantamento do Sebrae. Só por estas informações, é rápido inferir que a queda do PIB do país será superior a 15% ao final da pandemia. Se não houver um socorro contundente e rápido – começando já – será uma destruição econômica com semelhança apenas nas grandes guerras.
Entendo que em Manaus estamos no dia 3 de 120 dias de uma crise profunda, com interrupção de atividades econômicas de diferentes tipos, desde lanchonetes de escolas, até shopping centers, desde barzinhos de bairros, até franquias de restaurantes ou hotéis. Esta interrupção da economia é incalculável no presente e é certo que gerará uma massa de desemprego enorme, se não houver uma trava para isso.
Injeção de recursos
Internacionalmente está sendo usada a expressão “Helicóptero de Dinheiro” para a injeção grátis de recursos neste sistema, para mantê-lo vivo. A economia morre sem o dinheiro. Será necessária a injeção substancial de recursos para manter o paciente financeiro vivo. Se as atividades não forem protegidas, como já há movimentos na Inglaterra, que inclui pacote de medidas já disponível, como 12 meses sem pagar nenhum imposto e outras medidas que podem ser conferidas diretamente no site do governo inglês.
Estamos um pouco retardados
Por aqui estamos ainda em dúvida se a doença mata pessoas. Estamos um pouco retardados, para usar uma palavra bem leve. É necessário urgentemente sairmos da inércia enquanto sociedade e governo, para manter a sobrevivência econômica e das pessoas. Socorrer pessoas na saúde, salvar pessoas na economia e não deixar empresas quebrarem na economia é o que precisamos. Apenas uma união ampla é que permitirá isso. São necessárias ações sistêmicas.
Não será R$ 200,00 ou R$ 400,00 para alguns trabalhadores que salvará a economia. Hotéis, restaurantes, bares, sapatarias, supermercados etc. não sobreviverão com este apoio insignificante, como proposto.
Rede de proteção urgente
Todos nós precisaremos de muito mais apoio para conseguir superar este momento. Uma rede de proteção precisa ser estendida com urgência, pois estamos em risco de cair todos em um enorme poço sem fundo e desconhecido, como se fosse uma guerra de anos em algumas semanas. Aí, se nada de expressivo for feito, a queda será muito mais devastadora que uma queda de PIB. Tomara que inteligência e a impressora do Banco Central sejam usadas com vigor.
(*) Professor da UFAM.
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