As florestas tropicais podem ser resilientes ao aumento da temperatura provocado pelo aquecimento global. Estudo publicado no jornal Nature Plants realizou experimento no qual espécies tropicais se mostraram resistentes em ambientes com temperatura mais elevada.
As alterações introduzidas pelo aquecimento nas condições climáticas tem o potencial de afetar a realização da fotossíntese pelas florestas tropicais, como a Amazônia. Através da fotossíntese, as plantas usam luz solar para transformar dióxido de carbono – CO2 – e água em biomoléculas.
De acordo com o estudo, o aumento da temperatura pode reduzir a fotossíntese das plantas de duas maneiras. A primeira é pela modificação da abertura dos estômatos, orifícios presente nas folhas que controlam a aborção de CO2 e a perda de vapor d’água pelas plantas.
A segunda maneira pelo qual o aumento da temperatura poder interferir na fotossíntese é por meio de impacto direto em processo bioquímicos internos das plantas.
Espera-se que temperaturas mais elevadas prejudiquem os processos bioquímicos internos, reduzindo a fotossíntese. A influência sobre a abertura dos estômatos, por sua vez, depende das condições ambientais.
Em função de concentrações atmosféricas de CO2 cada vez maiores, algumas espécies de plantas absorvem quantidades suficientes do gás com menor tempo de abertura dos estômatos. Ao mesmo tempo, perdem menos vapor d’água para a atmosfera. Mais CO2 e água tendem a favorecer a fotossíntese.
Por outro lado, condições climáticas quentes e secas trazem consigo escassez de água. As plantas respondem reduzindo a abertura dos estômatos, de modo a evitar a perda de água para a atmosfera na forma de vapor. Dessa forma, mesmo com maior CO2 atmosférico, a fotossíntese pode cair.
Na Natureza, efeitos da temperatura sobre processos bioquímicos se misturam a efeitos do CO2 atmosférico e das condições climáticas sobre a abertura dos estômatos. Isso dificultava a compreensão das implicações do aquecimento para a fotossíntese das florestas tropicais.
Floresta dentro do laboratório
A fim de medir separadamente a influência da temperatura, os cientistas recorreram à estufa de vidro da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Denominada de Biosfera 2, a estufa abriga uma comunidade de plantas originadas das florestas tropicais. Correspondeu a colocar a floresta dentro de um laboratório.
Controlando a umidade do ar no interior da estufa em níveis constantes, foi possível avaliar as diferenças na fotossíntese das plantas com o aumento da temperatura. Os cientistas compararam os dados obtidos na estufa com dados coletados no México e na bacia amazônica.
A floresta tropical da estufa manteve o nível de fotossíntese constante, mesmo em temperaturas da ordem de 38ºC. O nível caía em quando caía a umidade do ar. O estudo identificou que a mesma resposta ocorria na natureza.
Nos pontos de coleta de florestas do México e da Amazônia, a análise mostrou que a perda de fotossíntese se deveu à seca. A temperatura exerceu uma influência muito pequena. Como estratégia de conservação de água durante a estiagem, as plantas reduziam o tempo de abertura dos estômatos das folhas.
O estudo concluiu que as florestas tropicais podem ser resilientes a aumentos da temperatura, em especial se forem favorecidas pelos crescimento do CO2 atmosférico. Mas essa boa notícia de nada adiantará sem a limitação do aquecimento global. E claro, só tem validade com a floresta de pé.
Fonte: Ciência e Clima
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