Por Hariele Quara
A pandemia de coronavírus mudou a rotina da maioria das pessoas. Home office ou trabalho remoto, aulas suspensas, comércio e locais de lazer fechados e distanciamento social podem desencadear e agravar problemas da saúde mental. É o que aponta a psicóloga Cristy Farias, em entrevista exclusiva ao Brasil Amazônia Agora.
“O isolamento social (forçado) tem trazido uma grande mudança na vida das pessoas, causando grande impacto emocional para quem sofre ou não de problemas psicológicos”, frisa.
Entre os sintomas mais frequentes destacam-se irritabilidade, baixa energia, procrastinação, sintomas depressivos, hiperatividade, dificuldade nos relacionamentos, compulsão alimentar. Segundo a psicóloga, a maioria desses sintomas são ocasionados pela ansiedade: “Eles se retroalimentam”, afirma.
“Para quem já tem problemas emocionais, o impacto tem sido muito maior, estou com pacientes com diagnóstico de ansiedade e transtorno do pânico que estão em crise.”
Para as crianças, soma-se ao impacto emocional causado pela modificação da rotina o fato de que têm de lidar com a instabilidade emocional dos pais ou cuidadores. “A ideia seria que os pais tentassem deixar a rotina mais leve possível, programando horários de estudos (preservando o clima da escola), jogos interativos, filmes infantis, é importante que esse espaço que ficou vazio, seja preenchido de forma saudável.”
Esperança e expectativa
Cada um reage de maneira diferente no enfrentamento das adversidades, destaca Cristy Farias. “Temos duas expectativas em relação a toda essa crise:
A primeira é que a família possa se unir, passar mais tempos juntos, com oportunidades de fortalecer mais o vínculo afetivo. A segunda é que existirá uma grande tendência a crises conjugais, familiares, por não buscarem alternativas de enfrentar esse momento juntos de forma mais saudável. O momento agora é de se reinventar.”
Segundo a psicóloga, a consciência de que é preciso se unir e de que dependemos das ações uns dos outros fará com que as relações se tornem mais saudáveis. “Essa crise nos ajuda a questionar a ilusão afetiva das relações digitais. Em uma palavra podemos dizer que redescobrimos o valor de um abraço, do afago, do toque das mãos.”
Dicas para manter e cultivar a saúde mental no distanciamento social
1 – Cuide da sua mente
Neste momento é fundamental termos uma conversa com nosso cérebro, explicar a nós mesmos o que está acontecendo. Depois, nos acolher: o acolhimento neste momento é muito importante, pois precisamos ser pacientes com esse processo.
2 – Pratique a resiliência
Precisamos explicar ao nosso cérebro que não está no nosso controle, mas que devemos fazer a nossa parte seguindo todas as orientações, sem desespero.
3 – Estabeleça uma rotina
Refazer a rotina é necessário. O planejamento e a organização do tempo contribuem para uma rotina menos estressante e mais produtiva. Podemos incluir programações que nos trazem bem-estar, praticar yoga, cozinhar, meditação, ler livros, entre outras atividades.
4 – Cuidado com excesso de informações
É fundamental para a saúde da mente evitar notícias tendenciosas em redes sociais, porque aumentam o processo de ansiedade e não contribuem para o equilíbrio emocional.
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