A floresta da Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, rica em biodiversidade e casa para milhares de espécies. Desde 1970 que tem sido alvo de destruição para fomentar o cultivo de óleo de palma e soja, a criação de gado e a indústria da madeira. Com as alterações climáticas, os investigadores alertam para a possibilidade da floresta em cinquenta anos se transformar numa savana, o que trará inúmeras repercussões. O estudo publicado na revista Nature Communications revela que as alterações causam danos irreversíveis, e os cientistas acreditam que a perda de 35% da superfície iria gerar o seu desaparecimento.
Os mais recentes incêndios à grande escala provam a rotura dos ecossistemas, e a humanidade deve-se preparar para grandes mudanças, afirmam os investigadores. Em 2019 a área ardida total na Amazônia Legal foi de 9762 km2. “Se não agirmos rapidamente, podemos estar prestes a perder uma das maiores e mais diversas florestas tropicais, que evoluiu ao longo de 58 milhões de anos e das quais dezenas de milhões de pessoas dependem” garante em resposta ao estudo, Alexandre Antonelli do Royal Botanic Gardens.
O desmatamento da Amazônia destrói os processos ecológicos que se foram construindo ao longo dos anos, e leva a que seja libertado cada vez uma maior quantidade de CO2 na atmosfera.
Um relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e do Instituto Mamirauá divulgado esta quarta-feira, em São Paulo, revelou a descoberta de 381 novas espécies na Amazônia, entre 2014 e 2015. Foram catalogadas 216 novas espécies de plantas, 93 de peixes, 32 de anfíbios, 19 de répteis, 18 de mamíferos e uma de ave. Ou seja, estes números indicam que foi descoberta uma nova espécie a cada dois dias de pesquisas.
Entre os animais mais peculiares está macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo (Plecturocebus miltoni), avistado no noroeste do estado de Mato Grosso; uma nova espécie de golfinho de água doce, o boto Inia Araguaiensis, que se estima que tenha aparecido há 2,8 milhões de anos, separando-se das outras populações de botos para se instalado na bacia do rio Araguaia, em Goiás; e o pássaro Poaieiro-de- Chico Mendes (Zimmerius chicomendesi) que possui um canto muito peculiar e cujo nome foi dado em homenagem ao ambientalista e grande líder acriano.
A Amazônia tem a maior concentração de biodiversidade do mundo. Tida por muitos como o pulmão do mundo, esta floresta permanece um mistério, não se sabendo ao certo a quantidade de árvores que nela habitam. O Museu de História Natural de Leiden, na Holanda, lançou um estudo que identifica mais de 11 mil espécies de árvores neste ecossistema, afirmando que para catalogar todas as árvores da Amazônia seriam precisos 300 anos.
Foram analisadas 530 mil amostras de árvores da Amazônia, algumas com data de recolha de 1707. É um território tão desconhecido pelo Homem, que os investigadores estimam que a floresta tenha mais de 16 mil espécies de árvores. Para estudar “apenas” esta parte da floresta, seriam precisos centenas de especialistas em botânica a trabalhar dia e noite, durante mais de três séculos.
“Parece-me que as nossas prioridades estão baralhadas. Gastamos milhões de dólares a procurar vida extraterrestre, mas muito menos para entender a vida e a sua distribuição no nosso próprio planeta”, comentam os autores do estudo, publicado na consagrada revista Nature.
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