Por José Geraldo Vantine
A armazenagem essencial no abastecimento
O início e a evolução
Absolutamente tudo que o ser humano dispõe é fruto do processo de evolução. A necessidade foi criando a inovação (é a lógica da humanidade), ou a invenção cria a necessidade (raros casos como a genialidade de Steve Jobs que inventou o Smartphone e mudou o mundo).
Assim aconteceu com o ato de Estocar, que desde os homens das cavernas até o início da revolução industrial, foi voltado para a “sobrevivência”. E na verdade pouco evoluiu até os anos 40 do Século XX. E isso pode ser visto até mesmo em filmes onde aparecem os grandes galpões, com as técnicas construtivas e processos operacionais elementares, mas adequadas à época.
A segunda guerra alterou drasticamente esse cenário e embora no ambiente militar (e não na industrial 2.0 como muitos pensam), do inglês “Wharehouse / Armazém” e “Wharehousing / Armazenagem”.
Isso muda tudo! Tanto nas técnicas operacionais como introdução da mecanização (nada de automação nesse sentido) e principalmente com o uso da matemática para determinação de Estoques e localização dos Armazéns.
Terminada o período de guerra, já nos anos 50 do Século XX os EUA deu a largada para a hegemonia da economia de mercado. Distribuição Física passou a ser “coisa séria”.
Entre esse período até meados dos anos 80 do Século XX, tanto as indústrias como as grandes redes de varejo possuíam seus próprios depósitos (capital e operações próprias), que denominamos DPA – Depósito de Produtos Acabado. O “Footprint” (também para alguns: Malha de Distribuição) era simples, como mostramos as figuras a seguir:
A mudança de cenário
A virada dos anos 80 para 90 registram o início do crescimento vertical, e fechando o foco no Brasil, a grande mudança veio após 1994 com o “Plano Real” – Estocar produtos passou a ser coisa séria: De um lado pelo excesso de capital parado e de outro a exigência de abastecimento rápido e eficaz para atender o crescimento rápido da economia de consumo.
Ai foi dado o início às mudanças radicais nos modelos de Distribuição (“footprint”), e foram surgindo novas soluções. Por quê?
- Transformar estoque físico ($) em estoque de informação, rentabilizando o capital de giro;
- Ampliação geográfica do mercado consumidor;
- Aumento radical de novos produtos (SKU´s) para o mercado;
- Incremento da tecnologia da informação;
- Aumento na frequência de entrega e redução da quantidade de produtos por entrega.
Com essas transformações houve redirecionamento no uso do capital das grandes empresas industriais e de varejo, passando a focar na atividade fins. E, como construção de galpão não é parte do “core business”, surgiu o modelo de construção customizada de prédios com alta tecnologia construtiva. O modelo “BTS – Built to Suit”. Surgem as construtoras e grupos de investimentos oferecendo a solução completa: Compra do terreno, projeto executivo, licenças, construção, instalação, etc. E tudo isso em acordo com as exigências dos clientes. Portanto o locador investe mediante contrato de locação e locatária se compromete por “x” anos (de 8 a 10) a pagar aluguel. E isso foi bom para as partes permitindo a flexibilidade de modelos mais complexos de distribuição, especialmente com a onda do “Ominichannel”, como demonstra a figura 4.
O surgimento dos condomínios
Muitos antes do surgimento de investimentos na área da Logística (ou mais corretamente, de Armazenagem), a legislação de “Condomínios” é antiga (Lei 4.591 de 16/dez/1964) que em seu Artigo 1º estabelece a distinção para “fins residenciais e não residenciais”.
Mais de 30 anos depois, pelos fatos já mencionados, a fase do “BTS” foi sendo substituída para a de “Condomínios Logísticos”, atraindo o interesse das grandes empresas financeiras internacionais se somando às pioneiras construtoras que lançaram os primeiros condomínios com capital alienado de bancos e investidores individuais.
O fato é que geograficamente, e para o bem da Logística Comercial, esses tipos de investimentos se constroem sólidos e robustos e praticamente em todos os estados do país estão presentes. E com a natural evolução nos últimos 10 anos, na atualidade esses condomínios atingiram alto grau de excelência de construção e instalação.
O inicial apelo de compartilhamento de algumas atividade complementares como “Segurança”, com foco em redução de custos, atualmente é acompanhado de muitos outros fatores avaliados pelo locatários, como:
- Localização estratégica;
- Velocidade de Implantação das Operações;
- Garantia de Manutenção e Funcionamento 24×7;
- Capacidade de Expansão;
- Serviços operacionais: refeitório, bancos, escritórios montados (co-working), vestuário, estacionamento para funcionários, estacionamento para caminhões, portaria digital, redes de fibra ótica, internet de alta velocidade, etc;
- Facilidade para customização, ou seja, adequação do imóvel às necessidades do locatário, como por exemplo: instalação de câmaras frias.
No geral os Condomínios Logísticos se localizam ao longo das rodovias e sistemas viários de acesso rápido e o “plant Layout” muito eficaz:
O mercado indica que atualmente o Brasil possui cerca de 22 milhões de M² de Condomínios Logísticos e a taxa de vacância oscilando entre 15% a 25%, dependendo da instável e oscilante economia de mercado brasileiro.
É uma atividade econômica em expansão, tanto em volume como em serviços oferecidos, e aparentemente, o modelo que se mostra estabilizado nesse mercado indica a relação de equilíbrio.
Esse triângulo mostra que cada empresa
no, seu foco, mas se complementam
com a geração de valor agregado para
a Gestão da Cadeia de Abastecimento
Fonte: Cargo News
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