Mais uma vez, a dupla presidencial parece não estar falando a mesma língua. Depois do Estadão revelar que o Conselho da Amazônia, sob comando de Mourão, estava discutindo uma proposta de emenda constitucional que previa regras para expropriar propriedades rurais e urbanas com registros de queimada e desmatamento ilegais, o presidente Bolsonaro “subiu nas tamancas” e criticou-a duramente.
“A propriedade privada é sagrada, não existe nenhuma hipótese neste sentido. Se alguém levantar isso aí, eu simplesmente demito do governo. A não ser que esta pessoa seja indemissível”, disse Bolsonaro. O vice teve que engolir a seco a negativa do presidente, criticando o vazamento da proposta para a imprensa. “Algum mal-intencionado pegou e entregou esse documento completo para um órgão de imprensa que agora diariamente solta algumas pílulas dessa natureza”, acusou Mourão. Bem que o presidente poderia ser igualmente contundente na defesa do meio ambiente e das áreas de proteção ambiental, não?
A troca de gentilezas foi destacada por Estadão, G1, O Globo e Valor.
Em tempo: Enquanto Bolsonaro consagra o direito à propriedade acima da responsabilização por crimes ambientais, um levantamento do Greenpeace mostrou que, às margens da BR-163, no Pará, 62% das florestas públicas não destinadas estão registradas ilegalmente como áreas privadas. A análise identificou 2.968 registros de propriedade no Cadastro Ambiental Rural (CAR) sobrepostos a áreas de floresta não destinadas, totalizando 965.367 hectares. Será que o presidente também acha que terra grilada é mais “sagrada” do que terra protegida? A Folha trouxe mais dados sobre o levantamento.
Fonte: ClimaInfo
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