Após reduzir 46% o consumo de diesel com a instalação de um sistema fotovoltaico, o barco hotel Untamed Amazon deve zerar o consumo de combustível fóssil e utilizar somente a energia do Sol para abastecer a sua rede elétrica. As medidas que serão adotadas farão com que o payback seja de cinco anos.
Segundo a Junglers Marié Agência de Viagens, empresa do grupo Untamed Angling do Brasil e proprietária do barco, isso será possível por meio da troca dos 94 painéis solares de 260 Wp, que geram entre 85 e 104 kWh/dia, por módulos bifaciais de maior capacidade. Com isso, é estimado que o sistema triplique sua geração de energia.
De acordo com a empresa, em 2015, no primeiro ano de operação da embarcação, quando ainda não tinha o sistema fotovoltaico instalado e os equipamentos elétricos eram abastecidos por um gerador a diesel, foram consumidos mais de 28 mil litros de diesel para abastecer a sua rede elétrica.
Já em 2016, após a instalação do kit fotovoltaico, projetado para integrar a geração solar com a geração diesel, o consumo caiu para aproximadamente 15 mil litros no ano.
De acordo com Antonio Salles, Sócio da Junglers, o objetivo de ter a rede abastecida somente pela fonte fotovoltaica faz parte do compromisso da empresa com as comunidades indígenas.
“O principal compromisso nosso é preservar a floresta e os rios, ambientes dos indígenas que permitiram nossa presença lá. Assim, com a energia solar evitamos o uso do óleo diesel para acionar o gerador elétrico. Sem deixar resíduo de diesel na água e no ar”, destacou Salles.
Troca de baterias
Há duas semanas, a embarcação teve a troca do conjunto de bateria de chumbo ácido, que entrou em colapso no ano passado devido ao ambiente úmido e quente da região, por baterias de lítio. A troca foi realizada pela empresa ION Energia.
As baterias utilizadas, modelo B-Box 13,8 kW, são fabricadas pela BYD e são compatíveis com o sistema de inversores e demais componentes do sistema instalado. Ao total, são cinco módulos de 13,8 kWh e tensão nominal de 51,2 Vcc e faixa de operação entre 40 Vcc e 56,5 Vcc.
“As baterias possuem um sistema muito eficiente de gerenciamento conhecido como BMS (Battery Management System), que é responsável por gerenciar cada módulo de bateria a nível celular quanto a sua temperatura de operação, corrente, e outros parâmetros fundamentais para o perfeito funcionamento do sistema”, explica Marcelo Taborda, gerente comercial da BYD Energy do Brasil.
Com a troca das baterias, também foi preciso trocar o sistema de carregadores controladores para um conjunto de cinco unidades da Victron MPPT 150/85 e uma unidade Victron MPPT 150/35. Os inversores/carregadores, sendo três unidades Victron modelo Quattro de 10kVA continuam originais.
“Nos apaixonamos pelo projeto e fizemos uma parceria com o proprietário Antônio para a manutenção e monitoramento do sistema. Fizemos uma renovação do sistema, colocando exclusivamente equipamentos Victron, consertamos os inversores que estavam sem funcionar e automatizamos o sistema, fizemos o upgrade para baterias de lítio, que melhorou a performance do barco”, conta Paulo Baraldi, diretor da ION Energia, empresa representante da Victron desde 2015 no Brasil.
Baraldi também afirma que foi instalado um controlador que possibilita o monitoramento remoto do funcionamento do sistema, já que o equipamento tem entrada para internet do tipo 3G. Desta forma, mesmo navegando, o barco está conectado e com monitoramento.
“O projeto ficou automatizado com maior autonomia, onde você janelas de funcionamento do sistema. Por exemplo, quando os hóspedes estão dormindo os sistema a combustão não funciona, só o sistema a bateria”, explica Baraldi.
“O Engenheiro Gustavo Rocha, responsável pelo projeto, monitora o barco remotamente e com isso conseguimos identificar erros. Então, de Votorantin, onde fica a empresa, nós monitoramos o sistema para verificar se está funcionando adequadamente e caso tenha erros, conseguimos mudar as janelas de programação. Tudo isso remotamente”, acrescenta.
Mas o principal benefício pode ser avaliado pela redução de emissão de 50 toneladas de dióxido de carbono (CO₂) por ano o que equivale ao plantio de uma árvore por dia para sua neutralização.
Além de um sistema fotovoltaico, a embarcação conta com sistemas modernos de filtragem de água, tratamento de esgoto e resíduos.
Turismo e sustentabilidade
O barco hotel Untamed Amazon foi construído em 2015 no estaleiro Juruá de Manaus (AM), com financiamento do BASA (Banco da Amazônia), para atender às necessidades de operação do Projeto de Pesca Esportiva no Rio Marié, afluente do Rio Negro na região de São Gabriel da Cacheira no extremo oeste do estado do Amazonas, em parceria com a ACIBRN (Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Rio Negro).
A embarcação de 28 metros de comprimento por 7,80 metros de largura e 6 metros de altura acima da linha d’água, possui oito suítes e abriga até 16 hóspedes.
Todas as suas instalações possuem sistema de ar condicionado central alimentados por dois geradores de água fria com capacidade de 15,0 TR cada, enquanto a casa de máquinas, lavanderia e sala da estação de tratamento de água têm sistemas de ventilação e exaustão forçada produzindo 60 trocas de ar por hora.
Já o sistema de tratamento de água capta água bruta do rio e abastece todos os pontos de consumo com água potável e transparente. O sistema é composto de várias etapas, passa por três diferentes processos de filtragem e por três processos complementares de purificação e desinfecção. A capacidade total de tratamento é de 450 a 500 litros por hora.
Projeto de Pesca Esportiva no Rio Marié
O Projeto do Rio Marié contou com a participação do Ibama, do Instituto Socioambiental, Funai e de representantes de 15 comunidades indígenas.
Foram comprados barcos e construídos três postos de vigilância, onde os indígenas ganham um salário mínimo para cuidar do rio Marié, além de servirem como guias nos barcos de pesca.
“Fazemos dos indígenas nossos sócios em todos os projetos. Eles tomam as decisões conosco igualitariamente. E 50% do lucro de cada projeto é deles. E um comitê indígena decide como distribuir e aplicar esses recursos”, conta Salles.
Fonte: Canal Solar
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