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BrasilAmazoniaAgora/Jornal do Comércio Alfredo Lopes entrevista Nelson Azevedo(*)
Revelando-se uma liderança combativa e participante de todos os debates que visam defender os interesses do Amazonas, e da Amazônia, o Nelson Azevedo é um empresário incansável em mais de quatro décadas de presença na paisagem do desenvolvimento regional. Consciente dos riscos que as mudanças podem trazer para a economia da região, ele concedeu essa entrevista à reportagem do BrasilAmazoniaAgora e Jornal do Comércio para mobilizar as entidades e instituições da sociedade conectadas na economia e desenvolvimento regional. Confira.
1. Alfredo Lopes: o Ano Novo já está batendo à nossa porta. Quais as novidades, benefícios ou ameaças nos aguardam em 2020?
NELSON AZEVEDO: Quem trabalha direito nada deve temer. Entretanto, com tanta pressão em cima da Zona Franca de Manaus temos que ligar todos os radares. A nosso favor vejo dois trunfos fundamentais. O primeiro é a movimentação atenta dos parlamentares do Amazonas que se superam e se multiplicam apesar de serem apenas 11. O outro ponto é o envolvimento do superintendente da Suframa, Alfredo Menezes e, por sua vez, sua facilidade em trazer o presidente Jair Bolsonaro para nosso lado. Temos que cerrar esforços e ajudá-los a nos ajudar. Alguns dados já nos animam. Vamos contabilizar em torno de mil novos empregos nos próximos meses. O faturamento deve passar a barreira dos R$ 100 bi e a produção industrial, para as demandas das festas natalinas, ultrapassou os 8%, como há algum tempo não víamos.
2. A.L. – Que iniciativas deveriam envolver além desses parceiros, as entidades de classe do setor privado?
N.A. Antigamente nos tínhamos a Santa Aliança e agora temos a Ação Empresarial. E nós estamos unidos. Vivemos, talvez, um clima mais decisivo do que em 2014, quando votamos pela prorrogação da ZFM por mais um cinquentenário. Hoje temos os estudos da Fundação Getúlio Vargas, que provou por A+B nossos Impactos, Efetividade e Oportunidades da ZFM. Alem disso, fizemos um estudo de prospecção fiscal no portal da Receita Federal para dizer ao contribuinte que, longe de sermos problemas para o Brasil, temos sido alternativa consistente de geração de empregos e oportunidades de novos empreendimentos.
3. A.L. Já sabemos que o Sudeste do Brasil consome mais de 50% dos incentivos fiscais do país. Por que somos demonizados por utilizar 8%, 8,5% de contrapartida fiscal?
N.A. – Tenho impressão que tem regiões do Brasil, embora mais aquinhoadas, precisam atacar Norte e Nordeste porque carecem de ajuda para reduzir a pobreza e o atraso. Mas isso já está mudando. Temos depoimentos, pesquisas e indicadores numéricos que nos favorecem. Mas isso não pode nos deixar acomodados. Vamos seguir trabalhando, vamos diversificar o modelo industrial – jamais substituí-lo. É insano mexer no que está dando certo.
4. A.L. Quais as bandeiras novas para o Novo Ano?
N.A. Tenho batalhado para promover um novo estudo de econometria. Minha sugestão é precisar com mais apuro a estimativa de empregos que nós geramos no Amazonas, na Amazônia e no Brasil. E por que esse dado é importante? Hoje temos 13 milhões de desempregados. O governo federal, com muito esforço, recuperou uns 800 mil pelo país afora. Nos geramos, acredito, três vezes mais do que isso quando nos deixam trabalhar como sabemos. Esse estudo vai embasar nossa reivindicação. Neste Natal, espalhamos empregos por todo o Brasil, com transporte, securitização, distribuição, venda, publicidade, assistência técnica. Essa conta em breve será detalhada.E se o Brasil vai crescer em torno de 2%, nossa disposição é imensurável. Queremos apenas fazer o que sabemos: gerar oportunidades.
5. A.L. – Emprego e proteção florestal são argumentos convincentes para nossa segurança jurídica?
N.A. Para o mundo sim. As entidades globais do comércio, da indústria e da agricultura reconhecem a conexão entre contrapartida fiscal e a proteção socioambiental que existe na ZFM. Precisamos convencer o contribuinte e a classe política disso. Temos um forte aliado, o atual superintendente da Suframa, Coronel Alfredo Menezes. Ele está mobilizando a bancada amazônica para compreender e apoiar nossos avanços e múltiplos acertos. Ele já conseguiu convencer o presidente. “Enquanto houver ZFM haverá soberania do Brasil em relação à Amazônia.” Essa parada não é fácil, mas se estivermos unidos vamos continuar trabalhando com responsabilidade e compromisso com nossa terra. Quero desejar a todos um 2020 de lutas e conquistas e agradecer o apoio de todos.
(*) Nelson é economista, empresário e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas.
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