Temos invocado, frequentemente, a Bioeconomia como a vocação mais coerente e ecológica da Amazônia, mas não colocamos reparo no alcance dessa aspiração. Nem sabemos direito como, onde é porque queimar nossa lenha. Podemos ilustrar a Silvicultura – a despeito dos protestos apressados e desinformados de alguns ambientalistas – como o grande bionegócio da floresta, para o qual a demanda de inovação tecnológica é a maior premissa. Três critérios descrevem o alcance dessa vertente econômica de que tanto falamos. A silvicultura tem que se conectar à redução do uso dos combustíveis fósseis, tem que se traduzir como economia da reciclagem permanente e sempre deverá promover a economia circular, inspirada no axioma de Lavoisier. Na “natureza nada se perde nada se cria tudo se transforma”. Ou seja, atividades como o Manejo Florestal Sustentável – em seus parâmetros de corte planificado – para justificar investimentos e auferir taxas atraentes de retorno precisam adotar como sagrados os critérios da energia renovável, da matéria-prima reciclável num contexto de circularidade econômica.
Tripé da sustentabilidade
Empresas de Itacoatiara, a 250 kms de Manaus, como a Precious Wood e a Agropecuária Aruanã, fornecem biomassa para as caldeiras da empresa que esmaga soja no município e também para o gerador de energia urbano no mais primitivo formato de substituição de combustíveis fósseis, índices de reciclagem com reflorestamento da Aruanã, com várias espécies, e uma economia circular em condições de ampliar e diversificar negócios. Ali foi consolidada a vocação para o reflorestamento de várias espécies de alto valor comercial. Essa cultura surgiu da obrigatoriedade das serrarias – existiam 8 no município – de plantar 10 árvores para cada indivíduo abatido, para consumo nas empresas. Ou seja, a planilha básica da diversificação da Bioeconomia está estruturada na região. Lâminas, biocarvão para a agricultura, produção de energia, polpa de celulose, terebintina, design da madeira, tacos, movelaria, enfim, um parque tecnológico de produtos sustentáveis, como sonhou o visionário Estevão Monteiro de Paula, a partir da madeira, reciclagem dos resíduos, um cardápio infindo de bionegócios.
Academia, economia e indústria Na Finlândia, Canadá, ou demais países do Hemisfério Norte, algumas espécies demoram 6 a 8 décadas para alcançar o tempo de corte. Na Amazônia, a Sumaúma, uma leguminosa muito utilizada na produção de chapas, se habilita ao corte com 8 a 10 anos. E são espécies que se submetem sem problemas ao cultivo extensivo. Plantio de moedas. Nas redondezas desses celeiros de Bioeconomia existem dois campi universitário da Ufam e UEA, com capacidade ociosa de promover negócios da biodiversidade e atrair investimentos.
A Universidade Estadual do Amazonas é financiado integralmente pela Indústria e falta de parte a parte a iniciativa de aproximar interesses na equação inteligente Indústria, economia e academia. E se ali foi consolidada a vocação para o reflorestamento de espécies, em Manaus, a indústria também patrocinou a implantação do Centro de Biotecnologia da Amazônia, uma ideia que ainda não vingou apesar de seus 20 laboratórios aptos, se recuperados, a prestar suporte aos negócios da Bioeconomia. Um deles é o laboratório de propagação, capaz de, a partir do tecido da espécie pretendida, multiplicar a exaustão os respectivos clones para reflorestamento/aproveitamento bioeconômico. O que está faltando?
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