Que vantagem Maria leva no conflito Congresso x Palácio do Planalto na ótica do interesse do Amazonas, depois dos protestos do último fim de semana? Neca de pitibiriba, ou seja, nada de coisa alguma. O titular da cadeira no executivo mandou sua infantaria para as ruas para aferir seu poder de fogo contra seus desafetos que foram às ruas, outro dia, para protestar contra os cortes na educação. A que se destina essa exibição de forças senão a dizer ao lado oposto: “pra cima de moi vem devagar!” Uma provocação que vai desembarcar em outra bravata: “pode vir quente que eu estou fervendo!” A barganha clássica de São Francisco deturpado “… é dando que se recebe”, contra a versão século XXI do L’Etat c’est moi”, frase atribuída a Luiz XIV, “o Estado sou eu!” serve apenas para traduzir o mais pedante oportunismos contra a aberração do absolutismo de quem invadiu parte da Espanha, porque entendia que aquelas terras pertenciam à esposa, filha do Rei Felipe IV, de Espanha, meados do século XVII.
Nem Francisco nem Luiz, o Brasil precisa de governantes e parlamentares que se entendam, respeitem as Leis e a Ética, trabalhando pelo bem comum. O resto é fisiologismo e autoritarismo, um dejavu requentado que nos levará, mais uma vez, a andar para trás.
Na última sexta-feira, enquanto isso, em Manaus, na festa da Indústria, ocorrida no Clube do Trabalhador, promovida pelas entidades, Centro e Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, brilhou o entendimento entre o poder político local, envolvendo o prefeito Arthur Neto e o titular da Suframa, Alfredo Menezes. A festa celebrou estrelas da geração de riqueza e o início das obras de recuperação das vias do polo Industrial de Manaus. É bem verdade que, neste caso, o entendimento custou caro ao interesse público, pois demorou seis anos, pelas razões mais fortuitas e absurdas, mais do que deveria e pouparia as vidas que a buraqueira tragou. Postas à mesa a justificativa, porém, o caso merece louvação e transformação em paradigma de conduta, sem Francisco nem Luiz.
É bem verdade, ainda, que o Estado, através da Secretaria de Infraestrutura, recebeu da Prefeitura a permissão para iniciar as obras de recuperação das ruas do Distrito I, em 2 de janeiro de 2013, segundo dia do governo Arthur Neto, que se reelegeu 4 anos depois. Ora, ao autorizar o Estado do Amazonas a executar tal obra, a Prefeitura assumiu publicamente que lhe pertencia essa atribuição. O Estado se viu boicotado por embargos de diversas e sinistras procedências, fruto habitual do desgoverno e da inércia que soem descrever a ação pública no Amazonas. Abandonar as vias públicas e equipamentos urbanos do Polo Industrial de Manaus, de onde emana a geração de 80% de nossa economia, resulta em danos de toda ordem e em todas as direções. Portar botinas e capacetes de segurança juntamente com o titular da Suframa, na semana que passou, significou que a Prefeitura Municipal de Manaus, por fim, reconheceu como sua a tarefa de recuperar essas vias, a passarela da produção e tratamento prioritário do pão nosso de cada dia. Nessa batida, podemos admitir a recuperação da BR-319, tarefa federal. Espera-se que Estado e União, aquinhoados por generosas contribuições das empresas atuantes no Polo Industrial, emprestem o efetivo apoio à Prefeitura de Manaus. Ora, devemos lembrar a respeito que a Suframa já disponibilizou R$ 152 milhões para a tarefa. Essa verba, fruto de taxas e contribuições das empresas, é uma migalha diante da dinheirama que Manaus recolheu para União nos últimos 10 anos, pelo menos 50% do total de todos os impostos federais da Região Norte. Nem Francisco nem Luiz, apenas a cumplicidade cívica e o espírito público.
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