Se formos capazes de vasculhar as entrelinhas dos assuntos que fazem manchetes nos jornais, vamos verificar que falta uma única atitude em todos os episódios conectado com a contravenção. Falta o chamado espírito público, um leit motiv de todos os juramentos que traduzem deveres e responsabilidades no trato social. A reunião frustrada desta segunda-feira, 23, que reuniria as entidades do setor produtivo e a bancada parlamentar do Amazonas traduz a ausência desse elemento vital na ordem política e social do Brasil e do Amazonas: o espírito público.
Por que a pauta amazônica e da brasilidade, na qual seriam debatidas as nuances das demandas legislativas e de infraestrutura para o exercício competitivo da contrapartida fiscal, não empolga todo mundo que dela depende?. Desde sempre a expectativa do setor produtivo tem sido a de estreitar e alinhar as ações em movimento e que se reportam ao interesse público. Afinal, o modo de produção capitalista padece de ordenamento por parte do poder público e de consumidores de seus produtos na combinação criativa e conflitiva entre patrões e empregados.
Afinal, as empresas aqui instaladas usufruem de benefícios fiscais na medida em que se dedicam a desenvolver a economia e gerar riquezas na perspectiva da redução das desigualdades regionais. Tratava-se pois de destacar os direitos, os deveres e as responsabilidades de cada um a fim de que todos pudessem fazer sua parte na medida em – cada um que se submetem aos mandamentos legais.
Prejuízos acumulados são o fruto sombrio desse distanciamento.
Sempre é ilustrativo ilustrar com o descaso insensato do governo federal com a Superintendência Regional do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Seus fiscais, cada dia mais escassos e assoberbados pelo acúmulo de contêineres à espera de fiscalização, tem confirmado a indiferença crônica do poder central com a região. A Embrapa Amazônia Ocidental, presente no Amazonas e região há quase 50 anos, padece de recursos materiais, financeiros e humanos para seus comprovados acertos como empresa pública. Curioso é recordar que este problema não existe na burocracia de controle do agronegócio. Ali, certamente por maior pressão da bancada parlamentar, houve até contratação em regime especial para resolver a falta de concursos e as demandas de fiscalização do setor e de pesquisa e desenvolvimento das instituições de pesquisa.
Quem perde com isso, essa fiscalização quelônio e a falta de inovação tecnológica para modernização, além do investidor, que fica sem estoques de insumos para trabalhar, são os empregos que se reduzem e a arrecadação, cada vez mais pífia e diminuída.
Um poder público inócuo e uma base parlamentar desarticulada entre si e com o cidadão. Recentemente, o Fórum Internacional da Água que ocorreu no mês passado em Brasília, mostrou alguns discursos desprovidos de esclarecimentos sobre nossa região. Reduziram nosso aquífero a 13% da água doce do planeta. Mais ou menos, sequer temos essa aferição precisa. E que a União faz com isso? O aquífero Içá-Solimões, descoberto na década passada, é parte de um acervo que, sequer, nos dispusemos a precificar. O discurso é sempre o da importância da preservação da Amazônia para proteção de dos ecossistemas e para a agricultura. Ninguém fala do clima nem em contrapartidas que se impõem com este ativo.
Para onde será que estamos enxergando? De quebra, cabe destacar que o mercado de eventos, sobretudo na discussão de temas de interesse especial, tem movimentado fóruns, seminários, encontros, sempre pra falar de meio ambiente ou sustentabilidade, inovação, recursos humanos, bioeconomia, e deveria entrar na estratégia de governo de atrair o protagonismo e movimentar a economia com a geração de serviços, emprego e muita renda. Como a nau dos insensatos seguimos surdos e mudos sob a ótica do interesse público.
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