Há uma preocupação estrutural, no centro das prioridades da OIT (Organização Internacional do Trabalho) com relação ao fim do emprego, um anúncio fúnebre, aparentemente catastrófico, que as autoridades utilizam para chamar a atenção da sociedade, e especialmente dos atores do setor produtivo e do poder público.
Estamos todos, na verdade, atarantados com a velocidade das mudanças, com o avanço tecnológico, responsáveis por zerar mão de obra, substituir o braço humano pela eficiência da impressora 3D, que recria o mundo e agita as consciências imutáveis. A economia digital associada à robótica – duas realidades dos tempos modernos absolutamente irreversíveis – desencadearam o desemprego em massa no modelo clássico de produção industrial. A questão que se coloca é: como utilizar esses instrumentos para criar novas saídas?
O profeta José Márcio Mendonça, jornalista visionário que nos deixou recentemente, alertava para o problema sugerindo que essas mudanças na economia sempre escondem oportunidades, nosso dever e desafio é identificá-las. A própria tecnologia cria novas brechas de emprego, ou seja, uns são destruídos outros aparecem. Portanto, a primeira saída é retreinar a mão de obra para essas novas realidades, novas oportunidades.
Porém, sabe-se que o número de empregos a serem criados nunca será o mesmo que existia até então. “Nunca mais este Polo Industrial de Manaus vai gerar 120 mil empregos que existiam antes da recessão.”, diz Augusto Rocha, líder empresarial e professor universitário de engenharia de produção e bioprospecção, recomendando a diversificação criativa das oportunidades com o manejo sustentável dos produtos florestais e minerais da Amazônia.
A tendência da civilização é o ideal grego do ócio, o que os italianos chamam de “dolce fare niente”, no sentido de fazer a tecnologia trabalhar a nosso favor. A doçura de uma vida à toa, Enquanto decresce ano a ano a indústria de transformação a de serviços próspera. Na Amazônia, talvez, tenhamos a última fronteira naturalmente, que convém a este ser criativo.
Assim, é preciso também descobrir “novas” atividades, e um dos grandes negócios pode estar na chamada economia criativa, no desenvolvimento da biotecnologia, ou na tecnologia da informação e da comunicação, no caso aqui da Amazônia, com esse acerto monumental de floresta e genética, a busca de novos fármacos, da dermocosmética e da indústria nutracêutica, a partir da biodiversidade. Aqui, quem prestar atenção, vai descobrir as trilhas de uma nova economia.
A biodiversidade amazônica é muito mais rica, em sua fauna e flora, que a coreana. É preciso envolver num grande projeto o setor privado, a universidade e o poder público. É inaceitável que o Brasil tenha menos de 1% de seus cientistas atuando na Amazônia, onde o mundo civilizado está de olho desde a descoberta da América. Os países centrais já teriam posto milhares de cientistas e laboratórios para planejar e implantar um futuro mais saudável e mais próspero.
Perdulários e desprovidos de visão de futuro, nossos governantes queimam recursos públicos para os quais nada fazem no desafio de gerar riqueza. Aonde foram parar os R$2,4 bilhões recolhidos pelas empresas de Informática entre 2012 e 2016? É provável que sequer os órgãos de controle sejam capazes de arriscar um palpite a respeito?
No mesmo período, o Governo da Coreia investiu U$2 bilhões para atrair empresas privadas, em P&D, pesquisa e desenvolvimento, de nove áreas da economia voltadas ao futuro, priorizando inteligência artificial, realidade virtual, materiais leves, utilização do carbono, biotecnologia voltada para Medicina, entre outros. Quem vai colher frutos robustos e quem vai continuar reclamando que viramos um país que só sabe gerar riquezas com as commodities da Agricultura?
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