Sem agenda nem destaque no sumário das prioridades políticas e governamentais nos últimos governos, que lugar a Amazônia vai ocupar na agenda dos novos gestores do país e da região?
O bom senso nos recomenda olhar com outros olhos a questão política após a batalha eleitoral quase sanguinolenta que nos desestruturou como nação. Decididamente o Brasil não pode ficar à mercê de um Messias. O Messias é ou precisa ser a sociedade organizada em entidades e instituições fortalecidas do Estado de Direito. A pauta é a dos Direitos usurpados, das expectativas não atendidas que padecem de mobilização efetiva junto aos próximos governantes e da representação parlamentar. Temos que ter serenidade e capacidade de explicitação das questões imediatas, as mazelas de nossa economia e sua expansão no entorno amazônico.
Com uma cangalha tributária inaceitável, afinal, precisamos, de uma vez por todas, perguntar pelas contrapartidas. Follow the money… Para onde vai tanto dinheiro?
A agenda do cidadão, pois, é exatamente esse este novo olhar para os impostos que recolhe. Chega de estado perdulário e ineficiente. Cabe propor aos novos gestores e parlamentares a formação de alianças e parcerias transparentes de trabalho em favor das pessoas, da região empobrecida, a despeito da imensidão de suas potencialidades regionais. Chegou a hora de apostar na vitalidade econômica e sustentabilidade socioambiental de tantas oportunidades de negócios.
É hora de pensar como Amazônia, portanto, de agir regionalmente, na certeza de que temos muito em comum – não apenas em termos de gargalos, sobretudo na área de infraestrutura – mas em termos de demandas de investimento para criarmos uma rede partilhada e conectada de negócios complementares entre si. E, apenas juntos, como fizemos na colaboração do Norte Competitivo, há 4 anos, projeto que gerou o ArcoNorte, com R$ 5 bilhões de investimentos dos quais participaram as entidades do setor produtivo de toda a Amazônia.
A face da economia na Amazônia Oriental foi revolucionada. Reprisar a maratona, em formatos mais inteligentes e justos, nos permitiria equacionar os gargalos de infraestrutura e consolidar novos modelos de negócios. Ou seja, temos que alinhar nossas principais dificuldades e propor saídas regionais de olho no Hemisfério Norte. Isso se faz com um planejamento estratégico – como fez Pará e Rondônia – estruturando um mutirão regional. Esse planejamento pode ser feito, inicialmente na Amazônia Ocidental e Amapá, área sob gestão fiscal da Suframa, e posteriormente com toda a Amazônia brasileira e continental, levando em conta, por exemplo, os acertos dos vizinhos, acusados de desmatamento predatório, mas com índices extraordinários de recomposição florestal e desenvolvimento socioeconômico.
Que moeda de troca poderá dar vitalidade e motivar a configuração regional senão a extensão para toda a Amazônia brasileira o imperativo de aplicar na região os recursos historicamente confiscados para outros fins, principalmente, para pesquisa, desenvolvimento e inovação. Podemos, eventualmente, pensar a integração entre Suframa e Sudam mas é inteligente costurar uma Confederação Amazônica da Indústria, Agricultura e Serviços, para que as verbas recolhidas pelas empresas incentivadas possam ser distribuídas para projetos prioritários de uma nova visão amazônica, atenta e de posse de seus destinos e suas tradições desde tempos imemoriais que remetem ao planejamento futurista e arrojado do Marquês de Pombal. Sem separatismo, mas com ousadia e cumplicidade regional. Que tal?
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