Qual é a importância econômica da floresta amazônica na busca do equilíbrio climático da Terra? Eis a pergunta da hora que o Brasil precisa continuar a responder se quiser consolidar seu protagonismo ambiental na comunidade internacional. Em 2014, numa parceria com o governo japonês – ávido por consolidar na Amazônia as respostas para as grandes demandas climáticas – o Brasil cumpriu uma etapa robusta dessas investigações, que durou 4 anos, através do projeto Dinâmica do Carbono da Floresta Amazônica, CADAF, da sigla em inglês. Entre altos e baixos da timidez dos financiamentos de pesquisa, o Inpa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, está pilotando/consolidando estes dados desde 1998, com parceiros internacionais. E já consolidou um sistema de inventário florestal contínuo para o Estado do Amazonas, com abundância de informações que demandam mais informações e elucidações vitais. Uma delas é metrificar a dinâmica alimentar deste organismo com vinte bilhões de tonelada de carbono, o dobro das emissões do planeta a cada ano. Como se dá a troca alimentar da floresta com a atmosfera, onde, além do carbono, estão dispersos outros resíduos que a civilização predatória emite a cada instante? No caso do organismo humano, a estimativa estudada é o consumo/ingestão média de duas vezes o peso de cada indivíduo por ano. Isto se aplica à floresta? Em que proporções? Quanto, como e onde a floresta evacua este consumo? Poderíamos – e em quanto tempo? – Descobrir que fixamos o equivalente a quantas vezes o volume de emissões da Terra? Como ampliar este processo de saneamento, ou seja, o metabolismo das emissões? Como promover mudanças no padrão predatório desta civilização rumo à economia de emissões equilibradas? Como atender a segurança alimentar das populações numa economia de baixo carbono? Esta jornada científica e cívica, feita desde sempre em conjunto com o Painel Intergovernamental das Mudanças do Clima já foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 2007, por recomendação da ONU. Com restrição/corte de recursos que a crise impôs, estão suspensas essas investigações, ações e proposições a favor do ambiente que o Brasil – ao ratificar o Acordo do Clima – assumiu continuar.
Nesse contexto, e admitindo que até aqui a proteção da floresta não foi ação programada e sim um dado socioambiental fortuito, a Suframa, órgão gestor da Zona Franca de Manaus, associa-se às entidades do setor produtivo para, no âmbito do Acordo do Clima, traçar as linhas de um programa interinstitucional, algo como Amazônia 2030, com o propósito de, a um tempo, proteger a floresta e promover programas interdisciplinares de pesquisa e desenvolvimento com economia de baixo carbono. Afinal, a melhor maneira de proteger estoque natural é atribui-lhe função econômica. As novas taxas administrativas e as verbas destinadas pelas empresas do polo industrial de Manaus para P&D terão este viés funcional/institucional. Para tanto, por indicação do Centro da Indústria do Estado do Amazonas-CIEAM, será formado um Conselho de Acompanhamento dessas contribuições para assegurar sua aplicação integral na região. Floresta, sustentabilidade e inovação, juntos e misturados, vão nortear os compromissos da ZFM dos próximos 50 anos. Proteger a floresta amazônica, seu papel no equilíbrio climático, sugere mobilização de atores com expertise no assunto, gestão corporativa, com flexibilidade e autonomia para atração de atores e empreendedores locais e internacionais. Empresas de nanotecnologia se valeram da tecnologia da informação, por exemplo, para juntar segmentos de informática com biotecnologia das plantas para identificar de modo instantâneo suas propriedades e aplicações. Imaginar que na floresta borbulha mais de 20% da genética da terra, dá pra imaginar cenários atraentes nessa Amazônia 2030.
(*) Alfredo é filósofo e consultor [email protected]
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