A economia voltada para exploração inteligente da Biodiversidade amazônica é anterior ao Ciclo da Borracha e, a rigor, o grande atrativo para as grandes expedições do Velho Mundo em direção a Hileia. Os ingleses agregaram 60% de valor ao seu Império global, aplicando Tecnologia a exploração da borracha, mas desde o século XVII confiscavam a biodiversidade para estudos em seus centros de bionegocios. As ervas, os temperos, os fármacos… autorizam a dizer que o Eldorado, cantado em prosa e verso, é o verde deste tesouro genético. E é em busca dos resultados da bioprospecção, na perspectiva da diversificação e interiorização da economia que, neste dia 31 de agosto, se forma a ABITA, com pronúncia semelhante ao termo habitat, a Associação de Bioeconomia e Inovação Tecnológica da Amazônia. A iniciativa é interinstitucional, com a participação do setor privado, através de suas entidades e empresas locais, cientistas e técnicos das várias instituições de pesquisa e desenvolvimento, e membros de órgãos públicos ligados à P&D na esfera governamental. Um ensaio de gestão que nasceu do tecido social do qual se originou o Centro de Biotecnologia da Amazônia e que a ele estará devotada. Este apelo foi reativado num debate histórico sobre Pioneirismo e Futuro, em agosto de 2013, no encerramento da Mostra do Pioneirismo Brasileiro e o Estado do Amazonas, promovido pela USP, sob a batuta do prof. Jacques Marcovitch, onde se resgataram as contribuições daqueles empreendedores que criaram saídas para o Amazonas no esvaziamento pós-guerra do II Ciclo da Borracha. Presentes estavam Mario Guerreiro e Moysés Israel, remanescentes desta saga da resistência e transformação. No debate sobre Bioindústria, coordenado pelo Centro e Federação das Indústrias, o CBA foi lembrado e cobrada sua reativação através de parceria entre INPA, Embrapa e outras agências de P&D, com outros segmentos do setor produtivo, para construir cadeias produtivas a partir das cadeias de conhecimento e inovação em torno dos óleos de palma, guaraná, seringueira, banana, cupuaçu, mandioca, aquicultura, sistemas agroflorestais, fruticultura, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantas medicinais, grãos e olericultura e fibras vegetais, além da biotecnologia para controle de pragas e doenças, propagação de espécies, e melhoramento genético. Nesse contexto foi cravada a expressão “Novas matrizes econômicas” coerentes com essas recomendações, assinadas por 35 instituições ali representadas. Na discussão do planejamento estratégico da Suframa, 2008, a propósito, já fora sugerida simples transferência do CBA para o âmbito da Embrapa, uma empresa brasileira reconhecida mundialmente pela expertise em bionegocios, apta a constituir novas modulações econômicas, embasadas na biodiversidade e nas riquezas da floresta amazônica. Para formar pessoas e desenvolver novas matrizes de bioeconomia são necessários, no mínimo, 15 anos de qualificação técnica. Essas pessoas já atuam na região e estão dentro da Embrapa. Na Associação de Bioeconomia, além da Embrapa local, foram convidadas todas as unidades da Embrapa da Amazônia. O CBA é fruto do trabalho local, das verbas aqui recolhidas pelas empresas para a Suframa, da riqueza produzida por empreendedores e trabalhadores, da expectativa geral de adensamento e interiorização do Polo Industrial de Manaus, com a utilização dos insumos naturais, essa inesgotável é promissora biodiversidade. E é nesse caudal que surge a ABITA, a Associação que se habilita a conduzir com transparência e competência de seus integrantes, das instituições que lhe dão amparo, o polo de bioindústria que o CBA representa, a vocação de oportunidades que a indústria da ZFM foi capaz de produzir, viabilizar e, agora, exigir a diversificação e interiorização de seus benefícios. Mãos à obra!
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