Uma mobilização coerente do poder público, das entidades do setor produtivo da ZFM, avança, com o segmento dos cientistas e uma silenciosa e esperançosa torcida do tecido social, rumo ao resgate e instalação em definitivo do polo de bioindústria que o Centro de Biotecnologia da Amazônia representa. O encontro, organizado pelas entidades da indústria, CIEAM e FIEAM, da Agricultura, FAEA, e do Comércio, ACA, com apoio do CBA, ocorreu na sede da FIEAM, e da Suframa, nesta quinta e sexta-feira, dias 18 e 19 de agosto, e resultou na preparação de estratégias para assegurar emendas no Orçamento-2017, da União, junto aos parlamentares da bancada federal do Amazonas e vizinhança. Sintomática a presença dos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, empenhados no sucesso do CBA. Os recursos são modestos, os objetivos emergenciais, mas os resultados esperados não poderiam ser mais oportunos, na direção da Bioeconomia. Um dos projetos é a criação do Laboratório de Métodos Alternativos ao uso de animais para avaliação de biossegurança toxicológica. O mundo já não aceita uso de animais para testar produtos. Essa estrutura permitirá, ainda, colocar cosméticos, fármacos e nutracêuticos certificados no mercado. Outra emenda visa empinar o desenvolvimento da cadeia produtiva do Ananas comosus (Curauá – espécie de abacaxi) com a produção de mudas micropropagadas e o uso industrial da fibra, tecnologias específicas para criar novos produtos com aplicação nos setores da construção civil, têxtil e do moveleiro, e substituição da fibra de vidro nas indústrias de Manaus: sustentabilidade e prosperidade.
Maltratado pela descaso da ignorância, o CBA padece de recursos prosaicos para comunicação, infraestrutura, insumos, por isso uma das emendas se destina à recuperação do seu Parque Tecnológico, através da ampliação, adequação e atualização do instrumental já existente, a plataforma analítica, para diversificação de serviços já demandados pelo mercado. Tem ainda a consolidação e disseminação da cadeia produtiva da castanha visando à produção de frutos e madeira de qualidade. Produção intensiva de mudas da Bertholletia excelsa, a Castanha do Brasil, da Amazônia, do Pará significa espalhar um tesouro biológico milenar. A ampliação dos plantios comerciais da espécie, tendo como modelo a Fazenda Aruanã, em Itacoatiara, significa viabilização da melhor qualidade de vida para as populações do interior, geração de emprego e renda, desenvolvimento de produtos pelo aproveitamento dos resíduos (ouriço, casca, biomassa..). Finalmente, há necessidade urgente de recursos para atração de laboratórios e outros centros de Biotecnologia, parcerias vitais para recompor o CBA.
A rigor, essas emendas – nenhuma delas ultrapassa 1 milhão de reais – vão suprir, indiretamente, os recursos de P&D que as empresas recolhem para o governo Federal desde os anos 2000, somados às taxas da SUFRAMA, TSA, confiscados para outros (?) fins em 80% desde então. Um volume bilionário que precisa ser revisto pelo estatuto legal que normatiza seu uso. A construção do CBA, que se deu a partir dessa época, utilizou essas verbas, mas sua consolidação foi travada ao sabor da política pequena, da visão estreita, da querela paroquial que ainda persiste entre determinados agrupamentos partidários. Os tempos, ainda bem, parecem mudar. No Brasil, sacudido pela contravenção, a palavra de ordem é exigir transparência na aplicação dos recursos públicos. A hora é da Bioeconomia, para regionalizar oportunidades, coerentes com a vocação natural e viável a partir dos recursos criados para este fim pela Zona Franca de Manaus, uma galinha com ovos da partilha inadiável.
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