Eventos climáticos extremos ressaltaram a urgência de proteger as florestas brasileiras e combater o desmatamento
Ontem (19), em seu segundo dia na Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso de abertura e assumiu o compromisso ambicioso de acabar com o desmatamento até 2030, além de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE) de 59 a 67% até 2035, comparado a 2005. Diante de recentes eventos climáticos extremos, como incêndios florestais, secas prolongadas e enchentes históricas, a meta é um passo fundamental rumo a ações de preservação das florestas brasileiras, visto que seu desmatamento e uso das terras com vegetação está diretamente ligado às emissões de GEE.
Essa meta é interessante não só para o Brasil, mas também para a China. Para o país, a estabilidade da produção agrícola brasileira é fundamental para garantir sua própria segurança alimentar, já que representa o principal comprador de exportações como soja e carne bovina brasileiras.
“Queremos que o mundo reconheça o papel desempenhado pelas florestas e que valorize a contribuição dos povos indígenas e comunidades tradicionais”, pontuou o presidente em seu discurso.
Embora a administração Lula tenha alcançado avanços em relação ao desmatamento em 2023, os desafios permanecem vastos, envolvendo questões econômicas, políticas e estruturais. Cumprir a promessa de erradicação exigirá ações coordenadas e consistentes, como o fortalecimento de políticas públicas, incentivo à bioeconomia sustentável e fiscalização eficaz contra crimes ambientais. Com o interesse econômico em torno dessas metas, a China já demonstrou um compromisso em apoiar as iniciativas de sustentabilidade do Brasil, fortalecendo a parceria Brasil-China. Já em 2023, 72% dos investimentos chineses no país foram destinados a projetos de energia renovável e sustentabilidade.
Entre os principais objetivos em comum nessa aliança, destacam-se o compromisso com a “eliminação da extração ilegal de madeira e do desmatamento”, a aquisição de produtos livres de desmatamento por parte do governo chinês, fortalecida por políticas governamentais que incentive as empresas do próprio país e o trabalho conjunto para estabelecer sistemas robustos de rastreabilidade, capazes de garantir que produtos exportados não estejam vinculados a danos ambientais ou sociais.