Segundo a instituição, o tatu-canastra mede 160 centímetros e 36 quilos e pode contribuir em estudos da espécie
A Fazenda Baia das Pedras, região da Nhecolândia, no Pantanal, se revelou casa do maior tatu-canastra macho já registrado no Pantanal, nos últimos 14 anos. O tatu-canastra (Priodontes maximus) já é a maior de todas as espécies de tatus existentes no Brasil e na América Latina, mas, agora, pesquisadores do Projeto Tatu-Canastra, do ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, encontraram o maior de todos o exemplares da espécie.
Segundo a instituição, o animal batizado de Wolfgang, mede 160 centímetros e 36 quilos. Até o início deste mês, acreditava-se que seu tamanho podia chegar a um metro e meio de comprimento (150 centímetros, do focinho à cauda) e peso de mais de 50 quilos.
A pesquisa que motivou a captura busca aplicar técnicas reprodutivas já conhecidas em animais domésticos para monitorar o ciclo reprodutivo de espécies ameaçadas de extinção. Foi instalado um colar com rádio transmissor VHF para que seja possível monitorar o animal nos próximos meses.
“A validação dessas técnicas para monitoramento da reprodução em vida livre pode contribuir significativamente para a conservação desses dois gigantes da nossa fauna”, explica Carolina Lobo, médica-veterinária e pesquisadora do ICAS, que tem a pesquisa financiada pela Rufford Foundation, do Reino Unido. Carolina quer compreender se há perda de qualidade do esperma em indivíduos mais velhos da espécie, o que poderia indicar diminuição de sua eficiência reprodutiva.
A importância do tatu-canastra no equilíbrio do Pantanal
Um estudo recente, com participação de pesquisadores do ICAS, explorou os hábitos alimentares do tatu-canastra e evidenciou que a espécie possui um papel importante no equilíbrio do ecossistema pantaneiro.
Ao longo de mais de uma década, os pesquisadores coletaram e analisaram 113 amostras fecais de 29 tatus-canastra monitorados pelo Programa de Conservação do Tatu-canastra. Os resultados da pesquisa revelaram que estes gigantes têm cupins e formigas como a base de sua dieta, mas também se alimentam de uma variedade surpreendente de invertebrados e plantas. “Embora os cupins sejam sua principal fonte de alimento, eles também consomem formigas e até mesmo pequenos animais, como sapos”, explicou Nina Attias, coordenadora científica do ICAS e uma das autoras do artigo.
As formigas mais consumidas pelos tatus-canastra são também conhecidas por serem pragas de culturas, destacando a importância desses animais para a agricultura local enquanto ferramentas de controle de pragas agrícolas. Além disso, os tatus-canastra também se alimentam de frutas, desempenhando um papel importante na dispersão de sementes no ambiente. Isso traz efeitos positivos significativos para a regeneração e manutenção da vegetação nativa do Pantanal.
Para se alimentar dos cupins e formigas, com suas grandes garras em forma de foice, os tatus cavam buracos ou túneis enormes, que também servem como refúgio e até abrigo térmico para mais de 100 espécies de vertebrados como roedores, carnívoros, répteis e até aves, como a seriema. Devido às mudanças climáticas, essas tocas devem tornar-se cada vez mais importantes e utilizadas pelas demais espécies.
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