Apresentando o “novo normal” do clima, com a pior estiagem nos últimos 70 anos, Marina Silva se pronunciou sobre os graves incêndios no Pantanal, abordou suas causas e garantiu que seu ministério trabalha com políticas públicas baseadas em evidências
Os incêndios no Pantanal, exacerbados pelos extremos climáticos e possíveis ações criminosas, apresentam uma das piores crises ambientais já vistas na região em toda história. A ministra do Meio Ambiente e das Mudanças do Clima, Marina Silva, destacou a severidade da situação e os esforços do governo para mitigar os danos.
“Estamos diante de uma das piores situações já vistas no Pantanal. Toda a bacia do Paraguai está em escassez hídrica severa”, afirmou.
A ministra alertou que a seca na região aponta para um “novo normal”, com a pior estiagem dos últimos 70 anos. O período entre El Niño e La Niña, combinado com ações humanas, criou um ambiente propício para incêndios fora da curva. A ministra destacou que mais de 80% dos incêndios estão dentro de propriedades particulares.
“Nós temos uma responsabilidade sobre as unidades de conservação federal, mas nesse momento nós estamos agindo em 20 incêndios”.
“O que nós temos é um esgarçamento de um problema climático que vocês viram acontecer com chuvas no Rio Grande do Sul. Nós sabíamos que iria acontecer com seca envolvendo a Amazônia e o Pantanal. Nesse período, não há incêndio por raio. O que está acontecendo é por ação humana”, lamentou a ministra
Desde outubro do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente tem planejado ações para se antecipar às consequências dos incêndios, resultando na primeira implementação de um plano de enfrentamento de incêndio no Pantanal. A situação de emergência foi decretada, e a contratação de brigadistas foi intensificada.
“Pela primeira vez, houve um plano de enfrentamento a incêndio no Pantanal. Nós fazemos política pública com base em evidência. Já sabíamos que este ano seria severo”, disse Marina Silva.
Liberação de recursos e reforço de Brigadistas
O governo federal irá liberar R$ 100 milhões para ações de combate aos incêndios através do Ibama e do ICMBio. Além disso, mais 50 brigadistas do Ibama e 60 agentes da Força Nacional serão enviados para reforçar as operações no Pantanal. Atualmente, a operação conta com 175 brigadistas do Ibama, 40 do ICMBio, 53 combatentes da Marinha, e bombeiros locais.
“Isso nos abre a possibilidade de criar créditos extraordinários. Não vai faltar recurso ou orçamento para resolver. Agora, não há orçamento no mundo ou no Brasil que resolva o problema de consciência da população”, afirmou.
O Ministério da Defesa disponibilizará seis helicópteros, duas aeronaves e embarcações para transporte dos militares e brigadistas pelos rios. A FAB fornecerá o KC-390 Millennium, capaz de carregar até 10 mil litros de água por voo. A criação de bases avançadas na estrada Transpantaneira também está sendo estudada para melhorar a logística do combate.
Situação em Corumbá e Mato Grosso do Sul
Corumbá, MS, é atualmente o maior foco de incêndio, com mais de 50% dos incêndios do estado. O governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência em cidades atingidas pelos incêndios no Pantanal, facilitando o acesso a recursos extraordinários. O estado criou 13 bases permanentes no Pantanal e combate as chamas com helicópteros e aeronaves agrícolas.
Vale lembrar que são os municípios que mais desmataram que estão mais sofrendo com os incêndios. E este é o caso de Corumbá.
Ações no Mato Grosso
No Mato Grosso, foram registrados 74 focos de calor em um único dia, distribuídos entre os biomas da Amazônia, Pantanal e Cerrado. O Corpo de Bombeiros Militar do estado realizou operações de combate aos incêndios com suporte aéreo e terrestre, além de monitoramento remoto via satélites.
Proibições de Fogo
Os governos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso proibiram definitivamente o manejo de fogo até o final do ano, tratando qualquer queima controlada como crime. Esta medida emergencial visa mitigar o impacto da estiagem, baixa umidade e aumento dos focos de incêndio.
Esforços e colaboração interministerial
O governo acionou a sala de situação para definir medidas urgentes de controle do fogo no Pantanal. A segunda reunião contou com a participação de vários ministros, incluindo Marina Silva, Simone Tebet e Waldez Góes, além de representantes da Defesa e da Justiça. Na sexta-feira, 28, as ministras tais ministros visitarão Corumbá para conhecer a realidade local, entregar equipamentos, aeronaves e conduzir equipes de brigadistas. A comitiva se reunirá com autoridades locais e representantes da sociedade.
Marina reforçou a necessidade de aprovação da Lei do Manejo Integrado do Fogo pelo Congresso para melhorar a gestão dos incêndios. A lei permitiria ações mais coordenadas e eficazes para enfrentar os desafios futuros.
Mais sobre o Pantanal
O Pantanal, localizado no centro da Bacia do Alto Paraguai, abrange uma área de 179.300 km², distribuída entre Brasil, Bolívia e Paraguai. Com mais de 2 mil espécies de plantas e uma rica fauna, o bioma é essencial para a biodiversidade da região.
A ministra Marina Silva ressaltou que os municípios que mais desmataram são também os mais atingidos pelos incêndios. Ela também destacou o trabalho de inteligência do Ministério da Justiça para identificar e punir os responsáveis por incêndios criminosos. A colaboração entre governos estaduais e federais é crucial para implementar políticas eficazes de combate e prevenção aos incêndios.
Com informações da Agência Brasil e da Revista Exame
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