Claudecy Oliveira Lemes, um influente pecuarista de 52 anos e proprietário de 11 fazendas, está no centro de uma controvérsia ambiental após ser acusado de desmatar ilegalmente 80 mil hectares no Pantanal para converter a área em pastagens para gado
Este território desmatado é comparável em tamanho à cidade de Campinas, em São Paulo, destacando a extensão significativa do impacto.
Investigações iniciadas em 2022 por autoridades ambientais apontam que, durante três anos, Lemes aplicou massivamente herbicidas, com gastos documentados em R$ 25 milhões apenas em agrotóxicos. As notas fiscais apreendidas revelam o uso de 25 diferentes tipos de herbicidas, entre eles um que contém 2,4-D, um componente do “agente laranja”, usado extensivamente pelos Estados Unidos para desmatar florestas durante a Guerra do Vietnã.
Claudecy Oliveira Lemes possui um histórico de infrações ambientais, sendo réu em casos de tentativa de alteração do curso natural de um rio e desmatamento em área de especial preservação. Desde 2019, ele foi autuado 15 vezes por danos ao meio ambiente, o que evidencia um padrão de comportamento negligente em relação à conservação.
As autoridades também estão investigando o envolvimento de outros profissionais no esquema de desmatamento químico. Nilson Costa Vilela, piloto do avião utilizado para a pulverização, e o agrônomo Alberto Borges Lemos, acusado de selecionar os agrotóxicos para o coquetel químico, também estão sob escrutínio. A polícia busca entender o papel exato de cada um no processo e sua possível cumplicidade nos crimes ambientais.
Diante das acusações, as fazendas de Lemes estão agora sendo administradas por uma empresa designada judicialmente, enquanto as investigações e o processo legal estão em andamento. Se condenado, Lemes enfrentará multas que já totalizam quase R$ 2,9 bilhões, além de ser responsável pelos custos de reparação dos danos ambientais, estimados em mais de R$ 2,3 bilhões para recuperar a vegetação do Pantanal.
Os advogados de Lemes defendem que ele tem se empenhado na reposição florestal conforme o acordo estabelecido com o Ministério Público de Mato Grosso, enquanto o advogado de Vilela nega as acusações de despejo de agrotóxicos, afirmando que seu cliente estava aplicando sementes, não herbicidas, nas fazendas indicadas no inquérito. A comunidade local e ambientalistas aguardam ansiosamente o desenrolar do caso, que ressalta a necessidade urgente de políticas mais robustas para proteção do ecossistema pantaneiro.
*Com informações DCM
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