Após a descoberta surpreendente de um peixe amazônico, nas águas de um lago na Irlanda, o Ibama reforçou total ausência de exportações de peixes nativos do Brasil para a Irlanda, causando dúvida da razão do acontecido
Cientistas e autoridades na Irlanda estão perplexos com o achado de um peixe Pacu, originário da Amazônia, em um lago irlandês durante o último fim de semana.
O achado, um peixe de cerca de 2 quilos, foi feito por Steve Clinch, um empresário de 68 anos, experiente pescador e proprietário de uma pousada de pesca local.
Clinch relatou que o peixe não foi pego por ele, mas sim encontrado morto na margem do lago. “Parece que ele foi colocado vivo e, posteriormente, morreu. Eu simplesmente o retirei e relatei às autoridades locais, que o levaram para inspeção, considerando ser uma espécie não nativa da região”, disse.
Situado a 140 quilômetros de Dublin, o Lago Garadice é conhecido por sua pequena extensão, aproximadamente quatro quilômetros quadrados, destacando-se pela sua beleza natural e por ser um local de lazer, onde atividades como a pesca e passeios de barco são comuns. As espécies de peixes de água doce que habitualmente habitam esta região incluem a Truta-marrom, o Lúcio, o Roquete e a Perca.
Investigação em andamento
O Inland Fisheries Ireland, órgão responsável pela conservação e gestão dos recursos hídricos e pesqueiros na Irlanda, deu início a uma investigação sobre o caso. O peixe encontra-se refrigerado em um laboratório para uma análise mais detalhada dos seus restos.
“Ainda não há detalhes definitivos sobre a origem do peixe e como chegou ao lago Garadice, mas pode ter sido libertado de um tanque particular de peixes”, comunicou a assessoria de imprensa do instituto.
Foi ressaltado pelo instituto que apenas um único exemplar do peixe Pacu foi encontrado morto no lago, descartando a presença de uma população da espécie.
Na Irlanda, a introdução e cultivo de espécies de peixes que não são nativas do país são sujeitos a uma série de leis e regulamentos específicos. Essas medidas são implementadas pelas autoridades locais com o objetivo de preservar os ecossistemas aquáticos e a diversidade biológica da região.
Posicionamento do Ibama
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) comunicou, após uma investigação realizada pela Coordenação de Comércio Exterior, que não foram registradas exportações de peixes nativos do Brasil para a Irlanda no último ano.
O episódio ganhou destaque e se tornou viral entre a comunidade brasileira residente na Irlanda, gerando uma série de comentários humorísticos nas redes sociais. Muitos brasileiros brincaram com a situação, sugerindo que o Pacu teria ido à Irlanda para “estudar inglês”, refletindo o popular destino de intercâmbio entre os brasileiros com frases como “Peixe intercambista” e “Veio aprender inglês”.
Além do humor, alguns comentários tocaram no aspecto culinário, com trocadilhos e comentários saudosos sobre a culinária brasileira, como “Na espera do pirarucu chegar”, evidenciando a saudade dos sabores de casa.
Impactos dos peixes não nativos nos ecossistemas
Peixes introduzidos em ambientes onde não são nativos podem causar desequilíbrios significativos nos ecossistemas locais. Eles competem com as espécies autóctones por recursos vitais como alimento, espaço e abrigo, o que pode resultar na diminuição das populações nativas e na alteração das cadeias alimentares existentes.
- A presença de peixes não nativos pode levar à predação direta sobre as espécies nativas, colocando-as em risco de extinção.
- Esses peixes introduzidos podem ser vetores de doenças ou parasitas novos para os ecossistemas locais, aos quais as espécies nativas não têm resistência.
- A introdução de espécies exóticas pode ter consequências econômicas adversas, afetando negativamente a pesca comercial, a aquicultura e o turismo de pesca.
No Brasil, a responsabilidade pela regulação e pela emissão de autorizações para a exportação de espécies nativas de peixes recai sobre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para a exportação e importação de peixes de águas continentais, marinhas e estuarinas, seja para fins ornamentais ou de aquariofilia, é necessário cumprir com os critérios estipulados pela Portaria nº 102 de 2022 do Ibama. Essa regulamentação visa assegurar que a prática seja realizada de maneira sustentável e responsável, minimizando impactos negativos sobre a biodiversidade.
Com informações da BBC
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