Em meio a críticas à gestão ambiental atual, servidores do Ibama e ICMBio rejeitam proposta governamental de reestruturação de carreiras, mantendo greve iniciada em janeiro por reajustes salariais e melhorias nas condições de trabalho.
Os empregados do Ibama e do ICMBio não aceitaram a proposta do executivo para a reestruturação de suas carreiras, optando por continuar a greve que se estende por um mês. Desde o dia 2 de janeiro, esses servidores suspenderam parcialmente as operações de fiscalização ambiental, buscando pressionar o governo por um aumento salarial e aprimoramento das condições de trabalho.
A Asibama do Distrito Federal expressou sua “indignação” com a oferta feita pelo Ministério da Gestão durante um encontro no dia 1º de fevereiro. A associação relatou que “A sensação de todos os presentes na assembleia é de que a cúpula do MGI tratou os servidores ambientais com deboche e desprezo ao apresentar proposta tão deslocada da realidade, demonstrando um profundo desconhecimento sobre as atribuições dos órgãos ambientais federais”.
Desconexão com as promessas ministeriais
Os servidores destacam uma discrepância significativa entre a proposta recebida e as falas das ministras Esther Dweck, da Gestão, e Marina Silva, do Meio Ambiente. Eles argumentam que “A gestão ambiental, sob o comando da ministra Marina Silva, parece não entender a centralidade e urgência das demandas da categoria para garantir a entrega de resultados que o governo tanto promete para a comunidade internacional”.
Demandas dos grevistas
Os trabalhadores solicitam, além do aumento salarial, uma gratificação por realizar atividades de risco e a igualdade salarial entre servidores ativos, aposentados e pensionistas, propondo uma tabela de remuneração unificada para todos os membros da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Plano Especial de Cargos do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama. Recentemente, mais departamentos aderiram à greve, incluindo os responsáveis pela Qualidade Ambiental e pelo CENPSA.
Impacto da paralisação
Desde o início da greve, os servidores limitaram-se a tarefas internas e administrativas, diminuindo significativamente as operações de fiscalização contra infrações ambientais como desmatamento e garimpo ilegal. A Asibama reportou uma redução de 69% nos autos de infração em janeiro de 2024, em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Posicionamento do governo
Quando contatado pela VEJA, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que a reestruturação das carreiras ambientais é uma prioridade e anunciou que uma nova rodada de negociações está marcada para 16 de fevereiro.
O Ministério da Gestão comunicou que iniciou as negociações com os funcionários públicos no começo de 2023, alcançando um acordo inicial que inclui um reajuste salarial de 9% para todos os servidores, abrangendo os da área ambiental, e um aumento de 43,6% no auxílio-alimentação.
A pasta enfatizou que a recomposição do quadro de funcionários na Administração Pública Federal é uma prioridade e que está agindo “dentro do possível e dos limites orçamentários” para satisfazer as necessidades dos órgãos. Finalizou afirmando que “O Ministério da Gestão segue aberto ao diálogo com os servidores do meio ambiente e de todas as outras áreas”.
Com informações da revista Veja
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