Beneficiando 83 famílias com práticas sustentáveis e certificação orgânica, Idesam atinge um marco significativo na restauração ambiental com a expansão de 75 hectares de café em sistemas agroflorestais
Este ano, o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) alcançará seu objetivo mais ambicioso de restauração. Serão implantados 75 hectares de café sob o modelo de sistemas agroflorestais (SAF), marcando o maior projeto de plantio já realizado pela instituição. Este projeto não apenas se expande em área, abrangendo agora tanto Apuí quanto o distrito de Santo Antônio do Matupi, mas também avança geograficamente até a região ao redor da BR 320, no município de Manicoré. Neste novo cenário, os produtores estão em fase de obtenção de uma certificação participativa conhecida como Sistemas Participativos de Garantia (SPG).
Certificação orgânica e Desenvolvimento Sustentável
Marina Yasbek, especialista em Serviços Ambientais, destaca a importância da certificação SPG, que valida o produto como orgânico, adicionando valor e potencializando a geração de renda para os agricultores. “Nossos primeiros produtores de café em Matupi remontam a 2018. Este grupo inicial de seis famílias produtoras está finalizando o processo de transição e certificação orgânica de seus cultivos.”
Em breve, essas famílias se juntarão ao conjunto de produtores certificados pelo projeto, recebendo treinamento e acompanhamento do Idesam e da Amazônia Agroflorestal. O objetivo é assegurar que cumpram os requisitos para a obtenção do selo orgânico, com expectativas de expansão para mais plantios no distrito.
Conforme o artigo 2 da Lei n° 10.831, um produto é considerado orgânico se derivado de um sistema de produção agrícola ou processo extrativista que seja sustentável e não prejudique o ecossistema local, seja antes ou após seu processamento. A legislação destaca que o uso de agrotóxicos pode contaminar solo, água e alimentos, prejudicando a biodiversidade e representando um risco à saúde.
No Brasil, a qualidade orgânica pode ser assegurada de três formas: Certificação, Sistemas Participativos de Garantia e Controle Social para Venda Direta sem Certificação. Os Sistemas Participativos de Garantia (SPG), juntamente com a Certificação, integram o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg), sob a gestão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Parceria estratégica para a agroecologia
O Idesam e a Amazônia Agroflorestal colaboram com o Sistema Participativo de Garantia (SPG) da Rede Maniva de Agroecologia do Amazonas, um movimento social vital para a promoção da agroecologia na região. A Rede Maniva, única SPG do norte do Brasil, certifica grupos em cinco municípios amazonenses. Além disso, organiza mutirões, oficinas e experiências práticas para fomentar a troca de conhecimentos em práticas agroecológicas, representando uma parceria significativa para o instituto.
Para Seu Manoel Siqueira, aos 62 anos, a certificação representa o reconhecimento de uma década de esforço. “A primeira vez que eu insisti no café, nem recebi nada, até o café mesmo, não tinha pra quem vender, e aí eu desisti do café. Mas com esse novo formato foi diferente. Porque eu sei que o que eu planto eu tenho pra quem eu vender”, compartilha. Ele relata que sua vida sempre esteve ligada à agricultura, e com o suporte técnico do Idesam e da Amazônia Agroflorestal, novas oportunidades se abriram para sua família.
“Eu gosto de plantar. Nasci na roça e me criei na roça, então o meu pai me ensinou foi plantar o café, a roça, a mandioca, o cupuaçu, a banana. Então ter isso (organização) pra me incentivar ainda foi melhor. Porque eu já tô na idade, né? E aí tendo essa ‘firma’ (Amazônia Agroflorestal) que eu possa produzir e vender, sem me preocupar pra quem eu vou vender, fica melhor ainda”, enfatiza.
Impacto e sustentabilidade
O programa tem um impacto significativo, beneficiando diretamente 83 famílias locais ao proporcionar fontes de renda sustentáveis e promover a conservação florestal. Os envolvidos no projeto têm a oportunidade de obter até R$ 8 mil por hectare com o cultivo do Café Apuí Agroflorestal, certificado como orgânico. Além disso, o investimento por hectare, superior a R$ 30 mil, é oferecido aos produtores sem nenhum custo.
O trabalho da organização na recuperação do solo e do bioma através de sistemas agroflorestais não apenas gera benefícios econômicos, mas também aumenta a diversidade alimentar e fornece alternativas de renda por meio de cadeias produtivas sustentáveis. Atualmente, o Idesam apoia a conservação de mais de 7 milhões de hectares de floresta na Amazônia e, até 2022, implementou 159 hectares de SAF para restauração florestal, conforme indicado em seu Painel de Indicadores. Até o final de 2024, espera-se a implementação de 227 hectares de Sistemas Agroflorestais com o objetivo de restauração florestal e retorno econômico para os produtores.
Recentemente, o Idesam foi reconhecido como um participante oficial no Brasil para a Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021-2030), posicionando-se em linha com o objetivo global de impulsionar a restauração por meio de iniciativas interligadas. Com o plantio de 75 hectares destinados à produção de café robusta, que se estende de Apuí até os distritos de Matupi e Sucunduri, o Instituto alcançou um marco importante na restauração ecológica.
Com informações do Idesam
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