A partir de dados publicados no portal Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), uma preocupante realidade vem à tona: 28 cidades brasileiras estão enfrentando altos índices de contaminação por agrotóxicos em suas fontes de água. Os testes de qualidade indicam que essa poluição afeta tanto as redes de abastecimento quanto os poços particulares, atingindo municípios em estados como São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.
Segundo informações verificadas pelo site Repórter Brasil, os dados divulgados pelo Sisagua abrangem informações até agosto deste ano. Essa contaminação da água por agrotóxicos levanta sérias questões sobre os riscos para a saúde dos consumidores e a responsabilidade das autoridades e empresas de água na garantia da qualidade do abastecimento.
Cidades e estados afetados
As 28 cidades identificadas enfrentam desafios consideráveis em relação à qualidade da água. Embora os detalhes precisos não tenham sido divulgados no portal Sisagua, é sabido que essas localidades estão espalhadas por diferentes estados do Brasil. São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais são alguns dos estados que aparecem na lista das regiões atingidas pela contaminação.
Riscos para a saúde
A contaminação da água por agrotóxicos representa um sério risco para a saúde pública. Consumir água com traços dessas substâncias em baixas doses pode ter impactos limitados na saúde dos consumidores. No entanto, a exposição frequente e em altas doses a essas substâncias pode levar ao desenvolvimento de cânceres, quadros graves de alergia e inflamação, distúrbios hormonais e neurológicos, e até mesmo à morte.
A preocupação com a qualidade da água não recai apenas sobre as empresas de abastecimento de água. Embora estas sejam responsáveis por realizar testes de qualidade e fornecer água potável aos consumidores, é dever das prefeituras e dos estados supervisionar as situações problemáticas e cobrar medidas apropriadas das empresas para controlar o nível de agrotóxicos.
Em situações onde os níveis de contaminação não ultrapassam os limites permitidos, a água pode ser legalmente comercializada. Isso cria uma situação semelhante à do setor alimentício, onde produtos que não excedem os limites regulatórios podem ser vendidos legalmente, independentemente de pequenas impurezas ou contaminações.
A contaminação da água por agrotóxicos é uma questão de saúde pública que requer ação imediata e coordenada por parte das autoridades, das empresas de água e de todos os envolvidos na cadeia de abastecimento. A segurança e a qualidade da água para consumo humano são fundamentais para proteger a saúde de todos os brasileiros.
Quais as cidades e estados com mais agrotóxicos na água?
Segundo os dados fornecidos pelo Vigiagua, constam como as cidades e estados de alerta os seguintes nomes:
Agrotóxicos proibidos continuam a ameaçar o abastecimento de água no Brasil
De acordo com dados alarmantes do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), a presença de agrotóxicos proibidos na água potável de diversas cidades brasileiras é motivo crescente de preocupação. No ano passado, foram realizados 306.521 testes em 2.445 municípios para identificar a presença dessas substâncias nocivas, revelando uma realidade inquietante.
O relatório do Sisagua aponta que a quantidade de testes realizados poderia ter sido ainda maior, uma vez que uma parcela significativa deles foi considerada inconsistente pelo Ministério da Saúde. Dos testes válidos, 55 revelaram a presença de agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos, representando 0,02% do total de exames. Essa estatística é alarmante, pois coloca em risco a saúde dos consumidores em várias regiões do país.
Entre os agrotóxicos detectados, o endrin desponta como um dos mais preocupantes, com dez registros em municípios de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e São Paulo. O endrin é uma substância cujo uso é estritamente proibido no Brasil devido aos graves riscos à saúde. Estudos em animais indicam que o endrin pode afetar o sistema nervoso, causando tremores e convulsões.
Outra substância identificada é o aldrin, também proibido no país. Este agrotóxico é classificado como um Poluente Orgânico Persistente, caracterizado por sua difícil degradação e capacidade de acumulação nos tecidos dos organismos vivos. Além disso, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica o aldrin como “provavelmente cancerígeno”.
A presença desses agrotóxicos na água levanta questões críticas sobre como eles conseguem contaminar o abastecimento de água. Existem duas possíveis explicações: entrada ilegal no país por meio de contrabando ou persistência no meio ambiente. A pesquisadora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp, argumenta que a entrada clandestina dessas substâncias é a explicação mais plausível.
“Não podemos mais afirmar que agrotóxicos proibidos há duas décadas ainda estão na água devido à sua persistência. Sabemos que há um comércio clandestino desses produtos”, afirma Montagner. Ela destaca a urgência de aumentar a fiscalização para mitigar o uso desses produtos químicos nocivos nas lavouras brasileiras, dada a comprovada ameaça que representam à saúde da população.
A presença de agrotóxicos proibidos na água é um sério problema de saúde pública que requer ação imediata das autoridades e um esforço conjunto para proteger a qualidade da água potável e a saúde de todos os brasileiros.
*Com informações Reporter Brasil
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