No Brasil, o bioma Cerrado está enfrentando uma devastação sem precedentes. A destruição ambiental tem acelerado em um ritmo assustador, com registros de desmatamento atingindo recordes sucessivos. Enquanto as taxas de desmatamento na vizinha Amazônia começam a diminuir gradualmente, o Cerrado experimenta uma explosão de destruição, instando as autoridades a agir com urgência na reativação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Cerrado (PPCerrado).
A necessidade de prioridade internacional
Em uma recente publicação na revista Nature Sustainability, cientistas alertaram que as discussões diplomáticas internacionais devem priorizar a conservação do Cerrado. Eles argumentam que a recente legislação da União Europeia (UE), que regulamenta a importação de produtos livres de desmatamento, inadvertidamente transformou o Cerrado em uma “zona de sacrifício” para o desenvolvimento agrícola.
A UE adotou uma definição florestal rigorosa em sua lei de “due diligence”, que, infelizmente, deixa 74% do Cerrado desprotegido. Os cientistas são claros: “A legislação internacional de ‘due diligence’ deve ser estendida urgentemente para incluir savanas e outros biomas não florestais”.
Para interromper o desmatamento no Cerrado e preservar seus serviços ecossistêmicos, os cientistas sugerem a revitalização de estratégias de conservação tradicionais. Isso inclui uma regulamentação mais rigorosa, aplicação da lei para limpeza de vegetação em propriedades privadas, e investimentos na expansão e melhor monitoramento de Áreas Protegidas e Terras Indígenas.
Lamentavelmente, o Cerrado não está incluído nos principais esforços de sustentabilidade do agronegócio, como a Moratória da Soja, que é um acordo de desmatamento zero bem-sucedido que se aplica apenas ao bioma amazônico.
O MATOPIBA, uma região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, tornou-se o principal alvo do agronegócio. Essas grandes propriedades são responsáveis pela maior parte da destruição do bioma, que já perdeu metade de sua vegetação natural para a agricultura.
Atraso na liberação de fundos para o Fundo Amazônia
Em outro desenvolvimento preocupante, os fundos prometidos a serem doados ao Fundo Amazônia ainda não foram liberados, apesar dos anúncios feitos após a vitória de Lula nas eleições presidenciais. A Alemanha, os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia e a Suíça se comprometeram a doar um total de R$ 3,2 bilhões, mas até agora, nenhum dos fundos prometidos foi entregue.
Essas questões destacam a necessidade urgente de uma ação global coordenada para combater o desmatamento e proteger os biomas preciosos, como o Cerrado, antes que seja tarde demais.
*Com informações do CLIMA INFO
Comentários