Os icônicos botos-cor-de-rosa da Amazônia, oficialmente classificados como ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), enfrentam ameaças crescentes de atividades humanas, como a pesca e a construção de barragens, de acordo com um novo estudo.
O boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) é a maior espécie de golfinho de água doce, podendo atingir até 2,5 metros de comprimento e pesar mais de 150 kg. São conhecidos pela sua cor rosada, que na verdade varia de cinza claro a rosa brilhante dependendo da idade, do sexo e do comportamento do animal. Os botos-cor-de-rosa são nativos da Bacia Amazônica, que abrange áreas do Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela.
Esses golfinhos são conhecidos pela sua natureza curiosa e inteligente. Eles têm um cérebro 40% maior do que o dos seres humanos e são conhecidos por seu comportamento social complexo. Além disso, eles têm um órgão sensorial único chamado melão, que usam para navegação e comunicação por meio de ecolocalização.
Pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da organização de conservação Pro Delphinus, do Peru, lançaram luz sobre a situação preocupante desses animais emblemáticos, também conhecidos como Inia geoffrensis. Sua pesquisa, publicada na segunda-feira (3) no periódico Oryx, descreve a situação dos botos na Amazônia peruana e aponta para a urgência de uma ação de conservação.
Segundo a Dra. Elizabeth Campbell, do Centro de Ecologia e Conservação do Campus Penryn de Exeter, “está claro que o boto do rio Amazonas está enfrentando ameaças crescentes de humanos”. A equipe usou um satélite pop-up para rastrear oito botos, descobrindo que, em média, 89% da área em que esses animais vivem é usada para pesca.
Além da pesca, outras atividades humanas também estão colocando os botos em risco. “Os golfinhos também correm o risco de morte intencional e captura acidental”, alerta Campbell. Embora a captura acidental seja uma ameaça conhecida para esses mamíferos há décadas, ainda falta dados precisos sobre quantos são capturados anualmente.
A construção de barragens é outra ameaça significativa. Atualmente, existem 175 delas em operação ou em construção na Bacia Amazônica, e mais de 428 estão planejadas para os próximos 30 anos. Embora os botos rastreados estivessem a uma distância relativamente segura desses locais – cerca de 252 km de uma barragem e a 125 km de um local de dragagem – a pesquisa alerta que muitos outros botos vivem muito mais perto de tais instalações.
Essa situação é ainda mais alarmante quando se considera que o habitat desses golfinhos abrange em média mais de 50 km e que barragens e dragagens podem afetar grandes extensões de habitats fluviais. O recente projeto aprovado para a Hidrovia Amazônica também é uma preocupação.
A preservação dos botos-cor-de-rosa na Amazônia é uma questão de grande importância. Estes animais desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio ecológico dos sistemas fluviais. A necessidade de ações urgentes de conservação é clara – e o tempo é um recurso que os botos não têm em abundância.
A classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) lista o boto-cor-de-rosa como “ameaçado de extinção”. Isso se deve principalmente à diminuição da população causada pelas ameaças humanas. Portanto, esforços de conservação são urgentemente necessários para proteger esses animais icônicos da Amazônia e garantir que eles continuem a desempenhar seu papel crucial nos ecossistemas fluviais.
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