Após o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer a constitucionalidade da Lei do Ceará que proíbe o uso de aviões para pulverizar agrotóxicos, outros dez estados poderão aprovar legislações similares. Os projetos de lei tramitam nas assembleias legislativas de unidades da federação que respondem por grande parte da produção agropecuária e por um elevado consumo de pesticidas, como Pará, Mato Grosso e São Paulo.
A Lei “Zé Maria do Tomé”, batizada em homenagem a um ativista ambiental assassinado em 2010 no interior do Ceará, vinha sendo questionada há quatro anos por uma ação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A entidade alegava que o estado não poderia proibir uma atividade regulamentada pela União e argumentava que a lei violava a livre iniciativa, explica o Repórter Brasil. No entanto, no final de maio, o STF decidiu por unanimidade pela constitucionalidade da legislação.
A chancela da Corte deu fôlego a parlamentares de todo país que tentam proibir a aplicação de agrotóxicos por aeronaves em seus estados, reforça a Agência Pública. “A decisão do Supremo é importante porque assegura a competência que os estados têm para legislar sobre essa pauta”, disse Lúdio Cabral (PT), deputado estadual do Mato Grosso. Neste ano, ele já apresentou seis PLs que restringem o uso de agrotóxicos – e um deles proíbe a pulverização aérea.
Mato Grosso é o principal consumidor de agrotóxicos do país. Em 2021, cerca de 150 mil toneladas de pesticidas foram vendidas no estado, aumento de 13% em relação ao ano anterior. Para ganhar mais visibilidade, Cabral planeja converter a proposta em um PL de iniciativa popular, com coleta de assinaturas da população.
A pulverização aérea de pesticidas pode estar por trás da intoxicação de indígenas no Mato Grosso do Sul. O deputado estadual Zeca do PT pediu ao Ministério Público Federal (MPF) investigação “com urgência” de casos próximos da propriedade rural Caiuaná, da Missão Evangélica Caiuá. Ela está localizada nos arredores das aldeias Jaguapiru e Bororo, onde vivem cerca de 13 mil Guarani-Kaiowá. Há relatos de animais mortos, e uma indígena ficou cega supostamente por causa do veneno, relata o Correio do Estado.
Não bastasse o Brasil ser o campeão mundial no uso de agrotóxicos e o principal destino de pesticidas barrados no exterior, como lembra a cardiologista Ludhmila Hajjar, em artigo n’O Globo, o país ainda convive com a falsificação e o comércio irregular de defensivos. A Polícia Civil de Goiás apreendeu um avião particular avaliado em R$ 10 milhões durante uma operação de combate a esses crimes no estado. Sete pessoas foram presas, de acordo com g1, Metrópoles e CBN.
Texto publicado em CLIMA INFO
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