Proteger a Amazônia é proteger a dinâmica vital que ela representa, é fazer do Maio Amarelo uma data, um girassol e uma bandeira permanente de defesa, proteção e promoção da Vida.
Por Paulo Takeuchi
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Coluna Follow-Up
A cor amarelo é a melhor tradução da vida pois remete ao Sol, que a fotossíntese – com a metamorfose fantástica da transformação – espalha por todo o planeta, produzindo a eclosão biológica, a Vida, em sua incessante abundância e sacralidade. Por isso, “No trânsito, escolha a vida”, o slogan do Maio Amarelo 2023, jamais poderia se restringir a um período determinado. Maio Amarelo é um alerta perene da ABRACICLO, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, para apoiar a Paz no Trânsito.
Nesta quarta-feira, 31 de maio, pela Faixa Azul da Avenida dos Bandeirantes, em São Paulo, o Passeio para promover harmonia e vida entre os diversos modais, evocou exatamente a Paz no Trânsito, pela vida, pela convivência alegre, colaborativa, coletiva e pacífica em nome do bem-comum. Nunca o Brasil precisou tanto e em todos os níveis dessa pacificação, desfraldada e assumida por todos os setores e atores do tecido social. A campanha, que contou com a decisiva presença da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET/SP), como sempre, seguirá nos corações e mentes alcançadas por este apelo vital.
O conceito e o alerta da pacificação, portanto, seguirão tremulando como bandeira desta entidade que se orgulha de ter seus associados produzindo em Manaus, no coração da maior floresta tropical da Terra, onde borbulha mais de um quinto dos princípios ativos da diversidade biológica planetária. Aqui nós geramos, em conjunto com as diversas empresas atraídas para investir na região, mais de 500 mil empregos (entre diretos, indiretos e induzidos) e inúmeras oportunidades de negócios.
Essa multiplicidade de atividades representa, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas – FGV, 85% da movimentação da economia regional, dentro do conceito de economia verde, ou seja, comprometida com a proteção florestal e a promoção social. Que outro lugar do mundo consegue gerar riqueza, empregos e oportunidades, numa equação que reúne economia e ecologia em comunhão e harmonia nessa magnitude?
Com o CIEAM – Centro da Indústria do Estado do Amazonas, na semana passada, começamos a estudar, no contexto da contabilidade ambiental, o status dessa equação, contando com a colaboração direta do INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, uma instituição que tem 70 anos de estudos científicos na região e com o maior acervo de conhecimento dos trópicos úmidos da Terra.
Um dos estudos mais aprofundados, com implicações relevantes e decisivas no conhecimento da floresta, seus serviços ambientais e contribuições para o combate do aquecimento global, se chama CADAF – Carbon Dynamics of Amazonian Forest, um projeto que começou há 10 anos, com parceria dos Institutos de Pesquisas de Florestas e Silvicultura do Japão (FFPRI) e da Universidade de Tóquio, tendo à frente o INPA e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil, financiado pelo JICA (Japan International Cooperation Agency).
O projeto teve como foco o conhecimento da Dinâmica de Carbono na Floresta Amazônica, como ocorrem, em termos práticos, os preciosos serviços ambientais da floresta, entre eles os Rios Voadores e a transformação dos gases do efeito estufa em massa florestal.
Já temos os indicativos da mensuração da contabilidade ambiental para quem opera na Amazônia e ajuda a proteger a floresta. Muito em breve será possível demonstrar a performance de descarbonização das indústrias do Polo Industrial de Manaus – PIM. Eis porque, em nossa convicção e conduta, é mandatório manter a floresta em pé, pois sem ela a economia do agronegócio, por exemplo, que nos coloca como um dos países que mais produz e exporta alimentos, não prospera. Afinal, o desmatamento é mortal para atividade agropecuária, pois retira da Amazônia seus serviços de abastecimento hídrico dos reservatórios que atendem o Sudeste, sua população e hidrelétricas, além do agronegócio, que consome quantidade imensurável de água.
Preservar a mata representa, pois, garantias de continuidade de toda a geração de riqueza incalculável que estes serviços representam. Cabe observar, a propósito, que se tratam de serviços essenciais e até aqui, absolutamente gratuitos. E está na hora de apresentar a conta para aqueles que nos apontam como usuários de privilégios fiscais.
É preciso ponderar ainda que parte dessas áreas são ocupadas pelos povos originários e suas centenas de etnias. Diz a Ciência que essas são as terras mais preservadas, pois os grupos indígenas fazem uso sustentável dos recursos naturais. Ou seja, os protegem. Remover essas populações ou retirar-lhe a terra e o acesso e atribuição de proteção ambiental põe em risco os interesses da economia nacional.
Por extensão, temos insistido em nossas reflexões que é possível adotar a metodologia indígena da sustentabilidade na diversificação e regionalização da Bioeconomia na Amazônia, com modulação de negócios no setor farmacêutico, dermocosmético e nutracêutico, com infinitas possibilidades de atender demandas universais. Proteger a Amazônia é proteger a dinâmica vital que ela representa, é fazer do Maio Amarelo uma data, um girassol e uma bandeira permanente de defesa, proteção e promoção da Vida.
Paulo Takeuchi é engenheiro, empresário e diretor-executivo da ABRACICLO.
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