Após o Ibama negar o pedido da Petrobras para perfurar a bacia da foz do Amazonas com objetivo de explorar petróleo na região, o consultor especial da estatal, Marcelo Ramos (PL), disse que não tem dúvidas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assumir o comando das discussões para encontrar uma saída que garanta o empreendimento e todas as “salvaguardas ambientais”. Ramos concedeu entrevista ao site Poder360 nesta quinta-feira (18).
“Não tenho dúvida que ou o presidente Lula ou a Casa Civil vão tomar o comando disso, estabelecer o diálogo interno para que a gente tenha uma saída”, disse Ramos, ao descartar medidas judiciais.
“Essa saída objetivamente precisa garantir todas as salvaguardas ambientais porque esse é um governo comprometido com as questões ambientais. Mas ela também precisa considerar o potencial econômico desse projeto e, mais do que isso, que nenhuma empresa do mundo é tão capaz de fazer exploração em águas profundas sem danos ambientais quanto a Petrobras. O lastro disso é incontestável porque você não tem uma notícia de um acidente impactante, por exemplo, nas perfurações do Pré-sal”, completou Ramos.
Ao criticar a decisão do Ibama, o ex-deputado federal afirmou que a Petrobras deveria ser ouvida antes. “A partir do parecer dos técnicos, esse parecer deveria ter sido encaminhado para a empresa para que ela pudesse contestar o que acha que deve ser contestado e apresentar os estudos que supostamente não estivessem sido apresentados. Nós entendemos que a empresa deveria ter tido a oportunidade de contraditar e suprir as lacunas apontadas pelo relatório”, afirmou Ramos, em entrevista ao site Poder360.
A decisão do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, foi tomada após o instituto demonstrar preocupação com as atividades da petroleira em uma região de vulnerabilidade socioambiental.
“Não restam dúvidas de que foram oferecidas todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto, mas que este ainda apresenta inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental”, diz Agostinho no documento.
De acordo com Ramos, a decisão do Ibama “obriga a reabertura de todo o processo”. “É um processo que já teve custos muito grandes porque a empresa entende que aquilo ali é fundamental para o futuro do país”, afirmou o consultor especial da Petrobras.
Contestando as preocupações ambientais sobre a área que a Petrobras pretende explorar, o ex-deputado afirma que o local fica a quilômetros da Foz do Amazonas.
“É absolutamente equivocado chamar esse projeto de Foz do Amazonas por um motivo geográfico: o local em que a Petrobras solicitava autorização para investigar, para fazer os estudos fica a 500 quilômetros da Foz do Amazonas. Fica 160 quilômetros do litoral do Amapá”, disse Ramos.
“É algo que a narrativa de Foz do Amazonas foi contaminando um projeto que é muito importante para o país. Nós estamos falando de uma possibilidade de petróleo e gás que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, que impacta estados como o Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte”, completou o consultor especial.
Ramos comparou o projeto à Bacia de Campos, que ocupa uma área marinha de aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados, localizada na região que vai do centro-norte do Estado do Rio de Janeiro até o sul do Estado do Espírito Santo. “Estamos falando de um sedimento que já é explorado pela Guiana”, afirmou o ex-deputado federal.
Originalmente publicado pelo: AMAZONAS ATUAL
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