A duas horas de Manaus, um pequeno município guarda em seu entorno mais de 140 cachoeiras, cavernas e piscinas naturais transparentes
A Amazônia não tem só hotel de selva, onça-pintada e árvores gigantescas. Tem também formações geológicas monumentais como cânions, arcos de pedras, dolinas, cavernas e grutas. E basta um curso d’água topar com uma fenda na rocha para que surjam cachoeiras impressionantes.
Foi esse o cenário com o qual topei na região de Presidente Figueiredo, município que fica a 107 quilômetros ao norte de Manaus e onde vivem 37 mil habitantes. São mais de 140 quedas d’água catalogadas e abertas à visitação, com variados volumes de água, alturas e cenários.
Muita gente faz apenas um bate e volta a partir de Manaus, mas já digo que é pouco. Vale ficar pelo menos três dias inteiros para conhecer suas principais atrações. Fiquei hospedada no Local Hostel, bem central, e assim pude sentir o clima pacato de cidade do interior, embora passasse o dia fora visitando atrações na zona rural.
As trilhas até as cachoeiras nos permitem descobrir curiosidades escondidas entre folhagens, pedras e troncos de árvores. A maioria desses segredos poderia passar despercebida não fosse o olho treinado dos guias, que enriquecem ainda mais os passeios com conhecimento e ainda transmitem muita segurança se o momento exigir um pouco mais coragem. Presidente Figueiredo foi um complemento perfeito para minha viagem a um hotel de selva e também pode se tornar uma bela experiência amazônica para quem não pode ou não quer se afastar tanto de Manaus.
O município de Presidente Figueiredo tem seu nome em homenagem ao primeiro Presidente da Província do Estado do Amazonas. “João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha”. Também conhecida como “Terra das Cachoeiras”, devido uma grande concentração de atrativos naturais como: Cachoeiras, corredeiras, igarapés, cavernas, paredões, grutas, rios e lagos propício para pesca esportiva.
Em Presidente Figueiredo você tem restaurantes para todos os gostos e bolsos, que servem desde o café da manhã, quanto almoço e jantar. Tem o CAT (Centro de Atendimento ao Turista) para auxiliar aos turistas com dicas sobre o turismo local e também indicação de condutores locais. Vale lembrar que o acesso à maioria das cachoeiras tem um custo, variando entre R$ 5,00 a R$ 10,00 por pessoa, e que a entrada geralmente é das 8h da manhã até as 16h.
Presidente Figueiredo despontou para o turismo ecológico em razão de sua fartura de águas, selva, recursos naturais, cavernas e cachoeiras.
O Ministério do Turismo catalogou mais de cem quedas d´água no município, muitas delas exploradas economicamente através do ecoturismo. É existente na área urbana e rural uma ótima infraestrutura turística em expansão.
Vamos iniciar por onde fui na minha primeira vez em Figueiredo, pela trilha da Gruta da Judéia passa pela Caverna Refúgio do Maroaga, um dos passeios mais visitados do município conhecido como ‘terra das cachoeiras’, mas não se estende por mais do que dois quilômetros.
Judéia
Está localizado dentro da APA Maroaga. Fica a trinta minutos de caminhada após a visita na caverna do Maroaga, é um daqueles lugares mais idílicos de Presidente Figueiredo. onde podemos avistar um amplo conjunto de cavidades, paredões, tocas e grutas. Lugar ótimo para praticar a atividade de rapel e tomar um delicioso banho nas suas águas meio avermelhadas.
Para os amantes das práticas de esporte radial, esporte de aventura, ou observação da vida selvagem, Presidente Figueiredo traz inúmeros atrativos.
Rapel, cachoeirismo, rafting, cavalgada, espeleoturismo, observação da vida silvestre e até mesmo acampamento de selva, são algumas das práticas desenvolvidas na região.
Um dos pontos que hoje está sendo utilizado para o rapel, é a Cachoeira do Tucano, que fica dentro de Presidente Figueiredo, de fácil acesso e excelente para a prática dessa atividade. O guia foi o Romero Júnior e professor de rapel foi o Daniel dos Anjos.
E numa viagem ao coração da Amazônia, não poderíamos apenas nos refrescar nas mais de 100 cachoeiras da região, como também aproveitar cada atividade que tem ali. Outra cachoeira que visitamos na região foi a do Santuário, descrito logo abaixo.
Cachoeira do Santuário
A Reserva Ecológica Cachoeira Santuário é uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural, ou seja, é uma propriedade particular que é declarada área de preservação ambiental e recebe título de reconhecimento emitido pelo Ministério do Meio Ambiente. Está situada na AM 240 – km 12 da estrada de Balbina. Tem um complexo de hospedagem com chalés, restaurante e piscina. Em sua área dispõe das trilhas ecológicas no meio da floresta, paredões propícios a prática de rapel e três quedas de 18 metros de altura de cachoeira, entre outras belezas naturais em sua fauna e flora.
Iracema Falls
É um hotel de selva. Está localizado no quilômetro 115 da BR 174, distante 08 km da cidade de Presidente Figueiredo e mais 02 km de ramal até o hotel. Cercado por um parque ecológico com duas belíssimas cachoeiras: a cachoeira de Iracema e a cachoeira das Araras. É um complexo turístico que em meio a milhares de metros quadrados de paisagem amazônica, conta com 85 apartamentos climatizados que podem abrigar com conforto até quatro pessoas cada.
Conta também com equipamentos de lazer e entretenimento como: três quadras de esporte, mesa de sinuca, quatro piscinas, auditório climatizado para eventos, igarapé de água cristalina, parque infantil, restaurante e serviço de bar. Vale lembrar que os acessos às cachoeiras podem ser feitas por hóspedes e não hóspedes, porém os hóspedes têm entrada gratuita. O horário de visitação é das 8hs às 16hs todos os dias. Não é permitida entrada com alimentos, bebidas e animais por questões de segurança do visitante e conservação ambiental.
Cachoeira da Onça
É uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) localizada no quilômetro 108 da BR 174, distante 1 km da cidade de Presidente Figueiredo e mais 2 km de ramal ate a cachoeira. Está num ambiente denso, cercado de musgos, líquens e pedras milenares onde descem as águas da cachoeiras em forma de cortina, formando ainda um lago.
É cercada por floresta do tipo campinarana e outros tipos de florestas de transição. É habitada por diferentes espécies de pássaros como boi-MAU, tucanos, beija-flores, araras, galos-da-serra e papagaios. Lugar ótimo para pratica ecoturismo, Yoga e meditação. Aberto todos os dias de 8hs as 16hs. Valor da entrada é R$10,00 (por pessoa).
Para chegar até a cachoeira é preciso encarar uma trilha de cerca de 1:15h. Devido ao longo percurso, a presença de um guia é obrigatória. Mas não se deixe assustar pela caminhada, pois o terreno se mantém plano durante boa parte do caminho. E, mais importante que isso, a visão da floresta virgem é sempre deslumbrante: árvores gigantescas e centenárias, cipós com formatos inusitados que se contorcem até o chão e os diferentes tons de verdes que contrastam com o solo forrado com folhas secas e avermelhadas nunca deixam o caminho se tornar monótono.
À medida que nos aproximamos do final da trilha, o barulho da água se torna perceptível. Vislumbramos então o igarapé que, alguns metros adiante, irá formar a cachoeira. As águas límpidas e de cor avermelhada convidam para um bom banho após os primeiros quilômetros de caminhada. De lá seguimos para a cachoeira da Pedra Furada.
A Cachoeira da Pedra Furada é uma das cachoeiras mais lindas de Presidente Figueiredo, com quedas d’água que brotam do alto de uma pedra com três buracos, como se fossem furos mesmo, por isso o nome Pedra Furada. O acesso é por dentro de uma propriedade privada que cobra o valor de R$ 5,00 por visitante. Depois é só seguir de carro por uma estrada de terra até bem próximo da cachoeira e depois caminhar por uma pequena de trilha de menos de 5 minutos.
Fomos visitar a Cachoeira da Asframa com nosso parceiro da Encontro das Águas Turismo, a mesma empresa que nos levou para nadar com os botos e conhecer o Encontro das Águas em Manaus, que no passeio que fazem de Manaus a Presidente Figueiredo inclui: Caverna do Maruaga, Gruta da Judéia, almoço, guia e a cachoeira da Asframa, além do translado.
Sobre o autor
Gildo Júnior é fotógrafo, videomaker, aventureiro, colunista, articulista e colecionador de roteiros. Para o servidor público federal, o mundo é imenso, repleto de lugares para conhecer, de coisas para fazer, de culturas para admirar, comidas para provar e pessoas para conhecer, por isso afirma que “por mais que o mundo gire, a única coisa que não posso fazer é ficar parado”.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
Texto publicado em Portal da Amazônia
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