Cientistas descobriram fóssil de uma nova espécie de silessauro, no Rio Grande do Sul. Com milhões de anos, achado se encaixa no complexo quebra cabeça da evolução das espécies.
A descoberta do fóssil de uma nova espécie de silessauro, escavado na região central do Rio Grande do Sul, trouxe mais uma peça pro quebra-cabeça evolutivo da origem dos dinossauros. O fóssil, que corresponde a um réptil batizado de Amanasaurus nesbitti, viveu há aproximadamente 233 milhões de anos e pertenceu ao grupo dos Silesauridae.
Os silessauros, por si só, são um mistério que a ciência ainda tenta desvendar. Parte dos cientistas acredita que eles seriam os parentes mais próximos dos dinossauros. Já outra vertente aponta que, na verdade, os silessauros seriam “dinossauros verdadeiros” que estariam na base da árvore evolutiva do grupo com chifres e armaduras.
A descrição do Amanasaurus nesbitti foi feita a partir dos restos das pernas de dois indivíduos, que permitem estimar que este animal media cerca de 1,3 metros de comprimento. Justamente a estatura do A. nesbitti foi o que chamou atenção dos paleontólogos. Acreditava-se que os silessauros tivessem sido afetados pela competição com os dinossauros e, com isso, tornaram-se menores. O material do silessauro gaúcho, entretanto, mostra que o tamanho do grupo não foi drasticamente afetado e que eles possuíam um porte similar ao dos dinossauros de outras linhagens.
“Silessauros – independente de sua posição filogenética – persistiram durante a maior parte do período Triássico [245 a 205 milhões de anos atrás], com seu tamanho de corpo plesiomórfico [traço ancestral comum] avançando até o surgimento dos dinossauros, em vez de linhagens de silessauros irem diminuindo em tamanho corporal ao longo do tempo”, afirmam os autores da pesquisa em artigo publicado no periódico Scientific Reports, de acesso aberto, na última semana.
O estudo, liderado por paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), descreve o fóssil encontrado no território do Geoparque Quarta Colônia, no interior do município de Restinga Sêca. Na mesma região já haviam sido encontrados fósseis de membros de outras linhagens antigas de dinossauros e silessauros. Os pesquisadores explicam, a partir destes dados, que a evolução inicial dos dinossauros foi um fenômeno muito mais complexo do que acreditava-se inicialmente.
A grande diversidade de “dinossauromorfos” – grupo de vertebrados que inclui os dinossauros e outras formas aparentadas de répteis, como os silessauros – em camadas de rochas do Carniano com aproximadamente 233 milhões de anos, se equipara à diversidade observada em camadas com cerca de 225 milhões de anos, período em que as principais linhagens de dinossauros já estavam bem estabelecidas. Isso aponta que as paisagens que testemunharam a origem dos dinossauros abrigaram uma grande e complexa diversidade de espécies relacionadas e contraria a hipótese de que, assim que os dinossauros surgiram, eles rapidamente substituíram as outras espécies relacionadas, por serem mais adaptados.
“É a primeira vez que silessauros que rivalizam em tamanho com os primeiros dinossauros são recuperados das mais antigas jazidas inequívocas de dinossauros, desafiando a ideia de que em faunas onde silessauros e dinossauros inequívocos coocorreram, os silessauros eram relativamente menores. Esta descoberta reforça o cenário complexo em relação à radiação de Pan-Aves durante o Triássico. Certamente, o plano corporal de formas divergentes precoces sendo superado por dinossauros divergentes tardios não se encaixa mais nos modelos atuais”, apontam os autores do artigo.
Os restos fósseis do Amanasaurus nesbitti, assim como uma série de outros fósseis, estão depositados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA), um centro de pesquisa da UFSM localizado em São João do Polêsine.
Fonte: O Eco
Comentários