O dólar à vista atingiu ontem (11) o menor patamar em dez meses e fechou cravado em R$ 5,00 para venda. Sempre que a moeda norte-americana chega a esse nível, investidores ficam animados e ansiosos para saber se cairá mais.
Por Flávya Pereira – Money Times
Como é a segunda vez este ano que a divisa estrangeira rompe essa marca, a expectativa é de que o dólar tenha espaço para recuar mais nos próximos dias. Elementos é o que não faltam, segundo o economista André Perfeito, ouvido pelo Money Times.
Não é só o IPCA. Dólar tem mais motivos para cair
O fato que deixou o mercado doméstico empolgado ontem foi o índice oficial de inflação do país de março ter ficado abaixo do esperado. Além disso, o IPCA acumulou alta de 4,65% em 12 meses até o mês passado, ficando dentro do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC) pela primeira vez desde o início de 2021.
Para o mercado, os dados sugerem corte na taxa básica de juros (Selic) ainda este ano. Segundo o economista, que estima a taxa em 12,75% ao final de 2023, o resultado do IPCA consolida a ideia de que a autoridade monetária terá de cortar a taxa. No entanto, a tendência é de que os juros caiam no Brasil em algum momento ao longo deste ano.
“Mas a gente sabe que a postura do Banco Central é mais vigilante. Então, será uma queda bastante lenta e isso acaba atraindo dinheiro para cá”, diz Perfeito. Ele se refere ao forte fluxo de investimento estrangeiro que vem entrando na Bolsa brasileira nos últimos meses.
Além disso, o dólar tem tendência de perdas ante o real porque o Brasil, em termos relativos a sua própria história, endossa o economista, está bastante barato.
Mais um motivo: arcabouço fiscal
Além desses fatores, Perfeito lembra que há um novo arcabouço fiscal, que substitui o teto de gastos, a ser aprovado no Congresso em breve.
O economista destaca que as medidas apresentadas no fim de março pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vão “finalmente, ajudar o país a ter uma questão fiscal coerente”. Com isso, as novas regras fiscais devem contribuir para sustentar a moeda americana em baixa.
Para Perfeito, o dólar deve encerrar o ano no patamar de R$ 5,00. Ele prevê que a divisa estrangeira vai cair ante o real, mesmo que a Selic também caia.
Ele explica que, mesmo com o ciclo de queda da taxa de juros, o Brasil segue pagando uma taxa de juros real “altíssima”, o que deverá manter o apetite por investimentos em ativos domésticos. “O dólar pode cair para R$ 4,80. E, se o BC não fizer nenhuma intervenção, pode até cair mais. A moeda pode até subir, mas não vai explodir”, pondera.
Texto retirado de Money Times
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