Governança Climática: O Brasil passou a registrar 1.532 municípios em situação de emergência esta semana, situações advindas do excesso de chuva ou estiagem.
Por Luanda Nera – Eco Debate
Apenas somando os estados do Acre e Maranhão, os atingidos passam dos 60 mil habitantes, demonstrando a urgência de ações de prevenção e combate a desastres.
No Maranhão, já são 49 municípios em situação de emergência e mais de 6 mil famílias desabrigadas, dados do último levantamento do Corpo de Bombeiros estadual.
Apesar dos episódios emergenciais terem ligação com mudanças climáticas anunciadas pelos cientistas há anos, os impactos na vida das populações têm se acelerado, uma tendência que deve continuar.
E, para que as cidades estejam mais preparadas, serão necessárias políticas integradas, que tanto criem planos estratégicos que priorizem o combate efetivo da pobreza e das desigualdades, quanto criem uma governança compartilhada, onde poder público, sociedade e setor privado participem de forma ativa.
A reflexão é da especialista em desenvolvimento territorial sustentável Carol Ayres*, que também é sócia fundadora da Humana, agência com mais de vinte anos de experiência em projetos de governança territorial em todo Brasil.
Em 2022 a Humana lançou a publicação Os territórios Urbanos e as Mudanças Climáticas: a relevância da atuação local, que explora caminhos para que as cidades enfrentem o problema.
Ela afirma que o país já possui ações isoladas de enfrentamento às consequências das mudanças climáticas, mas que elas ainda não dialogam com uma estratégia de prevenção maior: “Alguns governos estaduais e municipais já estão se mobilizando para a construção de políticas voltadas para as mudanças climáticas com um papel estratégico na gestão, para além dos decretos de emergência e calamidade pública, mecanismos utilizados em momentos de tragédia”.
A especialista acrescenta que cada cidade deve desenvolver seu planejamento, com governança definida e características próprias, de forma que seja aderente à realidade local, pois eventos extremos estarão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. “A pauta climática é de interesse coletivo e diz respeito a todos nós”, reforça.
* Carol Ayres é historiadora e mestre em História Social pela PUC-SP. Sócia fundadora da Humana, agência especializada em desenvolvimento territorial e sustentabilidade
Texto publicado em ECO DEBATE
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