A destruição deliberada da política ambiental sob o governo Bolsonaro não ficará impune. Essa é a sinalização do grupo de trabalho (GT) de meio ambiente da equipe de transição do próximo governo, dada em reunião com organizações da sociedade civil em Brasília na última 5ª feira (8/12). A notícia é do Observatório do Clima.
Relatório da equipe de Transição
“Chegamos à conclusão, no primeiro relatório que fizemos, de que houve uma ação deliberada, uma ação que certamente vai ter que ter responsabilização criminal”, afirmou Jorge Viana, ex-governador do Acre e coordenador do GT. “[O enfraquecimento da política ambiental] é símbolo do desmonte que ocorreu no país nos últimos quatro anos, para dentro e para fora”.
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin também participou do encontro e destacou a exclusão de doações internacionais (como as realizadas ao Fundo Amazônia) do teto de gastos governamentais. A proposta original foi feita por organizações da sociedade civil e acabou sendo incorporada ao texto da PEC da Transição, aprovada na última semana pelo Senado.
O novo governo também anunciou a primeira leva de ministros na semana passada, com destaque para o nome de Flávio Dino para o Ministério da Justiça. Ex-governador do Maranhão e senador eleito, Dino já sinalizou a pretensão de reforçar o trabalho da Polícia Federal no combate às ilegalidades ambientais na Amazônia.
“Há uma espécie de combo de crime hoje na Amazônia. Você tem narcotraficantes fazendo tráfico de drogas e, ao mesmo tempo, fazendo garimpo ilegal. Você tem exploração ou comercialização ilegal de madeira, feita também por quem opera lavagem de dinheiro, de garimpo ilegal”, afirmou Dino à Reuters.
Em tempo: Vale a pena ler uma análise de fôlego publicada por cientistas e ex-dirigentes de instituições ambientais no site ((o)) eco sobre o quadro geral da agenda socioambiental no Brasil. No texto, eles fazem um raio-x da situação dramática da política ambiental deixada por Bolsonaro e apontam caminhos potenciais para o novo governo recuperá-la a partir de janeiro. “Este é um momento crítico para a reconstrução das institucionalidades associadas à agenda socioambiental brasileira.
Com esse direcionamento, o IBAMA e o ICMBio têm um papel essencial, mas sua estrutura precisaria ser revista em novas bases, a partir do contexto político atual e, também, em função dos pactos internacionais, como o Acordo de Paris e a Agenda 2030, [a dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável] (ODS).”
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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