O governo Bolsonaro está chegando ao fim (!!) deixando um legado indigesto para o futuro do Brasil na Amazônia. De acordo com o sistema PRODES, do INPE, a área desmatada na maior floresta tropical do planeta foi de 11.568 km2entre agosto de 2021 e julho de 2022, um território equivalente ao do Catar, sede da Copa do Mundo deste ano.
Na comparação com o período anual anterior, houve uma redução de 11% no ritmo de desmatamento no último ano. Por outro lado, considerando o quadriênio de Bolsonaro, a taxa média de desmatamento foi de 11,4 mil km2, um aumento de 59% em relação à média observada na gestão Dilma II/Temer (7,1 mil km2).
Esta é a maior alta percentual em um mandato presidencial desde o começo das medições, em 1988. O governo Bolsonaro superou até mesmo o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-9, alta de 42,5%), quando a bonança econômica do Plano Real causou o maior desmatamento da série histórica em 1995 (29 mil km2).
Em parte, a queda registrada no último ano se deve à redução de 21% do desmatamento observada no Pará; ainda assim, o estado segue na liderança do ranking do desmate, com 4.141 km2 de vegetação derrubada. Ao mesmo tempo, o Amazonas registrou um crescimento de 13% em sua taxa de desmatamento, o que resultou na destruição de 2.607 km2 de floresta.
Governo Bolsonaro adia divulgação do PRODES
Os dados do PRODES estavam prontos desde o mês passado, mas o governo adiou sua divulgação para evitar publicidade negativa na Conferência da ONU sobre o Clima (COP27). Como o Observatório do Clima assinalou, a temática florestal foi excluída do pavilhão oficial do Brasil em Sharm el-Sheikh, exatamente para não dar margem a questionamentos quanto à situação da Amazônia durante o encontro.
“Nos últimos anos, o desmatamento associado a atividades ilegais aumentou exponencialmente por conta da redução de fiscalização e o desmonte dos órgãos ambientais”, observou Raul do Valle, do WWF-Brasil. “Os números consolidados do PRODES sobre o desmatamento da Amazônia confirmam que é urgente a retomada dos mecanismos de comando e controle”.
Os números do desmatamento no último ano do governo Bolsonaro foram destaque na imprensa, com manchetes em veículos como Estadão, Folha, g1, Metrópoles, O Globo, piauí, UOL e Valor, entre outros. No exterior, a Associated Press e a Reuters também repercutiram a informação.
Texto publicado originalmente por CLIMA INFO
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