A Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh chega ao seu último dia (será?) com muita coisa indefinida e uma sensação de desconfiança generalizada entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. O que prometia ser a “COP da implementação” do Acordo de Paris arrisca terminar com os piores resultados políticos e práticos desde a COP21, em 2015.
Os diplomatas presentes em Sharm el-Sheikh não chegaram a um entendimento básico em nenhum dos pontos mais importantes da agenda de negociação, como financiamento climático, ambição nas metas de mitigação e compensação por perdas e danos.
“Esta será uma jornada bastante longa e difícil – e não tenho certeza de onde essas negociações irão parar”, desabafou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia para o clima, Frans Timmermans. “Se esta COP falhar, todos nós fracassaremos. Não temos absolutamente nenhum tempo a perder”, disse Timmermans, citado pela Reuters.
Bloomberg e Reuters sintetizaram o mal-estar dos participantes com a lentidão e a falta de ação da Presidência Egípcia na COP27. Nesta 5a feira (17/11), foi publicado um rascunho de 20 páginas com elementos gerais para a chamada cover decision, um framework utilizado para delimitar as decisões finais da Conferência. O texto foi bastante criticado pelos negociadores, especialmente pelo formato confuso adotado – de início, não estava claro se ele era um esboço de decisão ou se era apenas um paper informal.
O documento apresentado pelos egípcios também carece de um ponto que ganhou repercussão nos últimos dias: a proposta da Índia por um apelo para redução do consumo de todos os combustíveis fósseis no texto final da COP27. Até mesmo os Estados Unidos concordaram com a nova proposta indiana nesta conferência, o que abre caminho para que a redução do consumo de todas as fontes fósseis tenha espaço no texto final. No entanto, o documento egípcio sequer cita essa possibilidade. Bloomberg e Guardian deram mais detalhes.
Texto publicado originalmente por CLIMA INFO
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