O governo Jair Bolsonaro está deixando um presente e tanto para seu sucessor na Amazônia. De acordo com o sistema DETER-B, do INPE, os alertas de desmatamento atingiram uma área de 904 km2 no mês de outubro, o maior número para o mês desde 2015. Na comparação com outubro de 2021, houve um aumento de 3%; no entanto, se considerarmos os alertas acumulados desde agosto, a alta é superior a 44% – 4.020 km2, ante 2.779 km2 no mesmo período do ano passado.
De longe, o Pará lidera a lista de estados com os maiores índices de desmatamento no último mês, com 435 km2, seguido por Mato Grosso (150 km2), Amazonas (142 km2), Rondônia (68 km2) e Acre (64 km2). Entre os municípios, os amazonenses Apuí e Lábrea lideram o ranking do desmatamento de outubro, com 610 km2 e 587 km2, respectivamente. No topo da lista, também estão Altamira/PA (524 km2), Porto Velho/RO (425 km2) e São Félix do Xingu/PA (402 km2).
“Neste fim de mandato, há uma corrida de criminosos ambientais para derrubar a floresta, aproveitando o fato de que ainda têm um parceiro sentado na cadeira da Presidência da República”, observou Marcio Astrini, do Observatório do Clima. Na mesma linha, André Freitas, do Greenpeace Brasil, destacou o legado que Bolsonaro deixa para Lula na Amazônia. “Apesar de uma perspectiva mais otimista com o fim da política claramente antiambiental de Bolsonaro, as ações e omissões do governo ainda produzirão danos diretos e indiretos para a Amazônia e seus Povos por algum tempo”.
Correio Braziliense, Estadão, Folha, g1, ((o)) eco e O Globo, entre outros, repercutiram os dados do DETER sobre o desmatamento em outubro.
Em tempo 1: Por falar em dados do INPE, a Folha revelou que o governo Bolsonaro já tem em mãos os números do sistema PRODES para o desmatamento na Amazônia entre agosto de 2021 e julho de 2022. No entanto, provavelmente para evitar mais publicidade negativa, a divulgação dessas informações só deverá acontecer depois da COP27, que termina no próximo dia 18.
Em tempo 2: Uma das promessas de Lula para o próximo governo é zerar o desmatamento ilegal da Amazônia até 2028. A medida é viável, mas exigirá bastante esforço e investimento para sair do papel. No InfoAmazonia, Leandro Chaves destacou os desafios do presidente eleito para cumprir esse objetivo, como o retrocesso na taxa de desmatamento observado sob o governo Bolsonaro nos últimos quatro anos.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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