A disparada do desmatamento e das queimadas no sul do Amazonas tem sido bastante abordada na imprensa. Manaus, como outras cidades na região amazônica, foi coberta nas últimas semanas por uma pluma de fumaça, causando problemas de saúde à população, especialmente a mais pobre. No entanto, nenhum dos candidatos a governador no AM parece dar muita atenção ao problema.
Falta de propostas para diminuir desmatamento na Amazônia
No InfoAmazonia, Jéssica Botelho destacou o desinteresse dos candidatos ao Executivo estadual, que não apresentaram qualquer proposta para coibir os incêndios ilegais na floresta em seus planos de governo. Essa omissão pode ter um custo grave, especialmente em um cenário de fragilidade da estrutura federal de fiscalização e combate às queimadas.
“O governo estadual, com seu aparato de comando e controle, tem que atuar com o federal para quebrar essas quadrilhas e combater a ocupação ilegal de terras porque isso vai ajudar a diminuir o desmatamento e, consequentemente, as queimadas”, explicou Ane Alencar, do IPAM.
Já no Acre, Amanda Audi escreveu na Agência Pública sobre os planos do atual governador, Gladson Cameli, para “rondonizar” o estado – ou seja, tal como no estado vizinho, facilitar a ocupação de áreas sem destinação e enfraquecer e diminuir as Áreas Protegidas, impulsionando o desmatamento e a grilagem. Favorito à reeleição, Cameli tem sinalizado que seguirá nesse caminho nos próximos quatro anos, o que pode prejudicar ainda mais os esforços de conservação da floresta e causar uma “explosão” no desmatamento local.
Por falar em Rondônia, os dois candidatos na liderança das pesquisas, o atual governador Marcos Rocha e o senador Marcos Rogério, se alinham com o discurso bolsonarista de desmonte da política ambiental e de ataques aos Povos Indígenas. Assim, o que se desenha é “mais do mesmo” para quem se preocupa com a Amazônia no estado. “O cenário é muito grave. Estamos vendo todas as nossas matas ciliares sendo destruídas e não sendo recompostas. Ou seja, já vai faltar água e não demora muito”, alertou Artur Moret, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), ao Amazônia Real.
Em toda a Amazônia Legal, o cenário estadual que se desenha para esta eleição é menos otimista que no plano nacional. Como Daniela Chiaretti assinalou no Valor, existe uma crise quase existencial, com a população imersa em um ambiente de conflitos e um forte discurso favorável à derrubada da floresta. “A percepção do eleitorado não encara as questões ambientais como questão política, mas comportamental”, explicou Ivan Henrique de Mattos e Silva, da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). “A questão ambiental mobiliza mais votos em regiões não amazônicas”.
Em tempo 1: Um candidato a deputado federal no Amapá está vendendo ouro de origem ilegal em um site. Segundo o InfoAmazonia, Roberto Soares da Silva, vulgo Beto Ourominas, comercializa na internet o metal extraído de uma empresa de seus familiares, a Ourominas DTVM, apontada pelo Ministério Público Federal como uma das maiores compradoras de ouro extraído ilegalmente na Amazônia.
Em tempo 2: No 5º e último episódio da série de podcast Amazônia Ocupada, do Diálogo Chino e Trovão Mídia, o foco está em Brasília. Independente do resultado das eleições presidenciais, as grandes disputas políticas pelo futuro da floresta serão lutadas na capital federal, onde indígenas, ambientalistas, ruralistas, garimpeiros e grileiros estão apostando alto para eleger parlamentares que sejam alinhados aos seus interesses.
Em tempo 3: Vale a pena ler o balanço feito por Meghie Rodrigues na prestigiada revista Nature sobre o legado do governo Bolsonaro para o meio ambiente, a saúde e o meio ambiente no Brasil.
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