Em entrevista a ((o))eco, a ex-ministra do Meio Ambiente e candidata a deputada federal pelo Rede falou sobre o voto a importância de candidaturas comprometidas com a causa ambiental para o parlamento
“A sociedade brasileira precisa dizer que meio ambiente não pode ser mais moeda de troca”, afirmou Marina Silva, em entrevista para a série especial de ((o))eco para a cobertura das Eleições 2022. A live ocorreu na noite desta terça-feira (30), com transmissão pelas redes sociais oficiais do site (Youtube, Facebook e Twitter). A ex-ministra do Meio Ambiente e atual candidata a deputada federal por São Paulo pela Rede falou com Juliana Ariani e Fábio Pontes, de ((o))eco, sobre temas como políticas ambientais, responsabilidade climática e suas propostas caso eleita.
“Nós fomos responsáveis por 80% das áreas protegidas criadas no mundo. E se a gente for comparar isso com [o governo] de Jair Bolsonaro, a gente vai verificar que em menos de quatro anos eles já são responsáveis por um 1/3 de florestas virgens desmatadas no mundo”, pontua Marina.
Assista a entrevista com Marina Silva em:
Sobre a volta ao parlamento, após se candidatar três vezes para a Presidência da República, Marina afirma que é “um ato de legítima defesa”: “A legítima defesa da democracia, a legítima defesa das políticas públicas, da saúde, da educação, dos direitos humanos, mas principalmente do meio ambiente, dos povos indígenas, do legado que foi estabelecido ao longo de décadas, por diferentes governos – uns fizeram mais, outros fizeram menos – mas que no governo Bolsonaro a gente tem uma guerra que foi feita, e que está sendo feita, contra a gestão, contra as ações de comando e controle”.
A ex-ministra defende uma ação de esforço de recuperação “pós-guerra” na área ambiental, com recomposição do orçamento, revogação das ações feitas pelo governo Bolsonaro na área ambiental e frear projetos de lei do Pacote da Destruição no Congresso Nacional – mudança no licenciamento ambiental, marco temporal e mineração em terras indígenas e pacote do veneno –, além de propor projetos na área.
“Vamos fazer uma lei de responsabilidade socioambiental, uma lei de responsabilidade climática. Isso está na minha agenda. Vamos criar uma autoridade nacional para risco climático. Nós não temos uma autoridade nacional para a questão nuclear com base no risco nuclear? Vamos fazer a mesma coisa em relação ao risco climático.
Essa autoridade nacional vai estar responsável para que o nosso compromisso não fure o teto da meta de forma negativa e de que o Brasil possa se tornar um país que vai ter saldo positivo no contexto das reduções das emissões de CO2. E o desmatamento zero é uma agenda que eu vou trabalhar muito, inclusive para institucionalizar o Plano de Prevenção e Controle de Desmatamento como política pública, obviamente que sendo atualizada”, esclareceu Marina.
A entrevista durou cerca de 53 minutos. Sobre um parlamento mais comprometido com a causa ambiental, Marina falou da importância de manter os parlamentares que já são comprometidos com a agenda e citou candidaturas indígenas que vieram somar a essa luta. “No caso das candidaturas indígenas, eu acho que a Joênia [Wapichana, Rede-RR], que está candidata à reeleição em Roraima, ela um prestou um grande serviço.
Hoje nós temos uma grande quantidade de candidaturas indígenas, e eu sei que ela foi uma grande inspiração, sendo a primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal em 500 anos de história. Por exemplo, no Amazonas nós temos uma pessoa que está encantando as mentes e os corações e a razão das pessoas, que é Vanda Witoto, nós temos a Maial Kayapó, no estado do Pará, nós temos Ninawa (Huni Kui), no estado do Acre. Nós temos a Sônia Guajajara aqui em São Paulo. Nós temos candidaturas indígenas em vários estados”, disse.
Segundo Marina, o grande desafio será transformar essas candidaturas viáveis, frente aos partidos do Centrão, que estão com dinheiro de sobra para viabilizar campanhas caras e contrárias à agenda ambiental. “O Centrão está com 50 bilhões de reais que foram acumulados ao longo desses 3 anos e meio.
O orçamento secreto, de 16 bilhões, dá a essa gente uma quantidade de dinheiro enorme, com certeza, pra eleger pessoas que são contrárias à agenda do desenvolvimento sustentável, da demarcação das terras indígenas, da proteção dos biomas brasileiros – e tem que ser todos os biomas brasileiros –, das políticas sociais, de direitos humanos e assim por diante. É assustador imaginar que essas pessoas estarão com muito dinheiro. Portanto, a sociedade brasileira tem que olhar para o voto no parlamento como um ato de legítima defesa daquilo que ela quer pro país”, diz.
Fonte: O Eco
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