-Algo perfeitamente viável em Manaus –
“Navegar para limpar.” Esse é um dos objetivos com o novo transporte na região, diz o professor Alexandre Delijaicov
Por Márcia Avanza
A Prefeitura de São Paulo pretende implantar na zona sul um terminal de transporte hidroviário, o Atracadouro Pedreira. Segundo publicação no Diário Oficial, o projeto pretende transformar uma área de 22 mil metros quadrados em uma nova via de transporte na Represa Billings. O Grupo de Metrópole Fluvial e o Laboratório de Projetos de Arquitetura Pública da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, coordenado pelo professor Alexandre Delijaicov, foram convidados para participar do projeto pela Prefeitura, por meio da SPTrans.
Segundo Delijaicov, trata-se de uma participação técnica acadêmica do laboratório, “mas, na prática, nós estamos atendendo à meta 44 do Plano de Metas da Prefeitura de São Paulo 2021-2024, que é a implementação do projeto piloto do transporte público de passageiros hidroviário na Represa Billings”. O projeto envolve um grande número de pessoas, entre professores, alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado.
No entanto, Delijaicov explica que há várias dificuldades para o desenvolvimento do projeto, entre elas as questões técnicas operacionais, a questão econômica, além da questão ambiental, por isso a indicação de uso de embarcações ambientalmente seguras, mesmo sendo em uma região que não participa do abastecimento de água da cidade de São Paulo. As embarcações seriam, por exemplo, “com motores elétricos, recarregáveis no ancoradouro”. Segundo o professor, este é um projeto de cinco anos, sem nenhuma contrapartida financeira, e que pode colaborar com a limpeza da Represa Billings.
Integração
O professor Eliezer Martins Diniz, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP, explica que para implementar o transporte hidroviário é necessário que ele esteja integrado com outros meios de transporte. “O transporte hidroviário é um meio de transporte coletivo que se soma aos que já são bem conhecidos: os ônibus, os trens, o Metrô. Não é algo novo. Já é realidade em Amsterdã, na Holanda, na região do Rio Reno, e em outros lugares na Europa”, conta o professor, que avalia que a implementação nas represas é mais fácil e tem custos menores.
No entanto, Diniz lembra que as duas represas de São Paulo são áreas de proteção e recuperação de mananciais. Por isso, o cuidado precisa ser maior. Além disso, existe uma sazonalidade com anos de maior ou menor intensidade de chuvas que pode baixar o nível das represas e, com isso, inviabilizar parcial ou totalmente esse tipo de transporte.
Texto publicado originalmente em Jornal da USP
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