Área sob alerta de desmatamento em toda a Amazônia Legal em junho foi de 1.120 km² de floresta, a maior para o mês desde 2016, quando o Inpe começou o monitoramento no modelo atual.
O Amazonas liderou o ranking de alerta de desmatamento na Amazônia Legal em junho deste ano. Foram 401 km² de área sob alerta no território amazonense, contra 381 km² no território do Pará. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A área sob alerta de desmatamento em toda a Amazônia Legal em junho foi de 1.120 km² de floresta, a maior para o mês desde 2016, quando o Inpe começou o monitoramento no modelo atual.
É o terceiro ano consecutivo de recorde de área da floresta sob alerta de desmatamento. Números acima de mil km² também já haviam sido registrados em 2020 e 2021.
Em 2021, o Amazonas teve um acumulado de 220 km² no mesmo período. Na comparação com este ano, houve um aumento de 82% no número de alertas.
O Amazonas também lidera a lista de municípios com maior área de desmatamento no período. Apuí, no sul do estado, concentra uma área de 103 km² de desmate. Em segundo lugar aparece Lábrea, com 90 km². Ainda na mesma lista aparecem as cidades de Novo Aripuanã (56 km²) e Manicoré (35 km²).
Para a gerente de ciências do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, o desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2022 foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do perigo da floresta não conseguir mais se sustentar:
“Perdemos 3.988 Km² na Amazônia Legal em apenas seis meses, confirmando a tendência de intensificação do desmate dos últimos três anos. Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, estão destruindo nosso futuro”, disse.
Em nota, o Governo do Amazonas afirmou que tem priorizado e otimizado as estratégias de combate ao desmatamento e às queimadas ilegais. O estado argumentou que, do total de alertas de desmatamento emitidos em junho, 296,11 km², 233,20 km2 (78,75%) foram em áreas Federais, 10,98 km² (3,70%) em áreas Estaduais e 52,96 km² (17,88%) foram em vazios cartográficos.
“Além das ações de comando e controle, o Governo do Amazonas tem buscado integrar os eixos de bioeconomia e ordenamento territorial e ambiental como estratégias de médio e longo prazo para conter o avanço do desmatamento ilegal”, afirma a nota.
O estado também citou a Operação Integrada Tamoiotatá 2. “A força-tarefa teve início no dia 7 de março, com foco de atuação nos municípios ao sul do estado, considerados mais vulneráveis. Estão em campo equipes do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amazonas (BPAmb/PMAM), do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e da Defesa Civil”, informa.
Segundo o governo estadual, também integram a operação servidores da Polícia Civil do Amazonas, por meio da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema); e das Secretarias Executiva-Adjunta de Planejamento e Gestão Integrada (Seagi), de Operações (Seaop) e de Inteligência (Seai), vinculadas à SSP-AM.
Desmatamento na Amazônia
Antes mesmo do fechamento dos dados de junho, o primeiro semestre deste ano já contabilizava a maior área da Amazônia Legal sob alerta de desmate em 7 anos. A medição oficial do desmatamento, entretanto, é feita com os dados de agosto de um ano a julho do ano seguinte, por causa das temporadas de chuva e seca da floresta.
De 1º de agosto de 2021 a 30 de junho deste ano, o sistema Deter-B do Inpe detectou 7.104 km² de floresta sob alerta de desmate. Esse número, entretanto, não representa o dado oficial de desmatamento – que é medido pelo sistema Prodes, também do Inpe, e que costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter.
Na temporada passada, por exemplo – de agosto de 2020 a julho de 2021 –, o desmatamento oficial medido pelo Prodes ultrapassou os 13 mil km².
Já o Deter, como é chamado o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do Inpe, produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
Fonte: G1
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