Para o arcebispo, há insensibilidade da parte do governo federal. “O governo federal teria a obrigação, através da Funai, através da fiscalização, de cuidar melhor da nossa Amazônia. Também não sei se existe muito interesse da parte dos governos locais”, criticou.
O arcebispo de Manaus, dom Leonardo Ulrich Steiner, citou o garimpo e a invasão de terras indígenas como os principais desafios a serem enfrentados na função de cardeal da Igreja Católica. No último dia 29 de maio, o Papa Francisco divulgou a lista com 21 novos cardeais. Leonardo Steiner é o primeiro cardeal da Amazônia Brasileira.
Em entrevista à rádio CBN Nacional na manhã desta quinta-feira (2), Leonardo Steiner classificou o garimpo como uma questão gravíssima e uma destruição das florestas, que afeta sobretudo, povos indígenas. “As terras indígenas estão sendo invadidas para o garimpo. E o garimpo tem levado a poluição das nossas águas”, disse.
O arcebispo afirma que isso traz consequências para o futuro desses povos. “E o grave nisso tudo é que não se olha para os ribeirinhos, povos indígenas. Apenas se pensa no grupo do ouro, do dinheiro. A mentalidade que está por detrás disso é grave, é uma mentalidade destruidora, que não se importa com a pessoa do outro”.
Leonardo também atribui a destruição da Amazônia ao agronegócio. “O agronegócio sempre se apresenta como aquela que mais exporta, que mais dá lucro. Mas está dando lucro para quem?”, questionou.
O arcebispo afirma que os povos indígenas estão sendo cada vez mais empurrados para o fundo das florestas, que daqui a pouco não existirão mais. “Vão desaparecer esses grupos étnicos, culturas, línguas e simplesmente não existe sensibilidade”, lamentou.
Para o arcebispo, há insensibilidade da parte do governo federal. “O governo federal teria a obrigação, através da Funai, através da fiscalização, de cuidar melhor da nossa Amazônia. Também não sei se existe muito interesse da parte dos governos locais”, criticou.
Escolha para cardeal
Dom Leonardo Steiner acredita que a escolha do Papa Francisco para lhe nomear como cardeal tem um simbolismo. “Eu penso que a minha nomeação tenha a ver com essa preocupação dele, mais essa estigma que ele tem pela Amazônia brasileira. Eu espero corresponder a essa manifestação dele de poder colaborar”, declarou.
“Os posicionamentos dele em relação à Amazônia têm sido muito pontuais e eu diria até bastante profundos e que ajudam a dar caminho à Igreja, mas também ajudam a questionar o modo como estamos cuidando da Amazônia, como a Amazônia está sendo agredida e destruída”, disse o arcebispo.
Além de dom Leonardo Steiner, outro brasileiro escolhido pelo Papa foi o atual arcebispo de Brasília, dom Paulo Paulo Cezar Costa. Eles serão criados cardeais no Consistório marcado para 27 de agosto, no Vaticano.
Fonte: Amazonas Atual
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