O governo federal está atrapalhando os esforços dos estados para obter US$ 1 bilhão de dólares de um fundo internacional que poderia viabilizar ações de proteção do meio ambiente e combate ao desmatamento. Assis Moreira e Daniela Chiaretti explicaram no Valor como o desinteresse de Brasília em se aproximar da Coalizão LEAF – capitaneada por EUA, Noruega e Reino Unido, com apoio de multinacionais como Amazon, Nestlé e Unilever – impede governos estaduais de firmar os acordos. Por ora, oito estados manifestaram interesse: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima e Tocantins, além do Consórcio dos Governadores da Amazônia Legal. Enquanto o Brasil segue do lado de fora, países como Costa Rica, Equador, Gana, Nepal e Vietnã se beneficiam com os recursos da coalizão.
A LEAF tem um modelo similar ao malfadado Fundo Amazônia, no qual governos nacionais e locais obtêm recursos mediante seu desempenho no combate ao desmatamento e na redução de suas emissões de gases de efeito estufa. Em parte, isso explica a indisposição do governo federal em participar da iniciativa: com a governança do mecanismo nas mãos das empresas e dos governos contribuintes, os beneficiários teriam pouca margem para decidir o que fazer com o dinheiro. Esse foi um dos pontos levantados por um ex-ministro do meio ambiente do atual governo para dinamitar o Fundo Amazônia.
A dúvida de Brasília sobre o LEAF é legítima. Já a maneira como o governo tem conduzido essas questões nos últimos três anos esvazia qualquer pretensão de legitimidade. Se os recursos da União estão escassos e os mecanismos internacionais de financiamento para proteção de floresta são desinteressantes, como raios vamos financiar ações de combate ao desmatamento? Um observador desconfiado diria que é exatamente isso que o governo federal quer: atrapalhar qualquer medida de proteção ambiental para seguir “passando a boiada” sem qualquer pudor.
Em tempo: A eleição de 2022 será chave para o futuro da Amazônia. Depois de três anos de devastação crescente sob o atual governo, a floresta terá uma última chance de salvação quando os brasileiros forem às urnas em outubro para escolher o novo presidente da República. Uma hipotética reeleição (toc-toc-toc) do atual mandatário pode significar a condenação final da Amazônia. Vale a pena ler a síntese de Lázaro Thor Borges no Diálogo Chino sobre o que está em jogo no tabuleiro eleitoral de 2022 no que diz respeito à maior floresta tropical do planeta.
Fonte: Clima INFO
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