Este governo é o governo da morte. Do fechamento de fábricas, inimigo da indústria nacional, inimigo do trabalhador, inimigo do povo e amigo da fome, da miséria e da desgraça.
Farid Mendonça Júnior
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O amazonense deu a Bolsonaro uma das votações mais expressivas nas eleições de 2018, mesmo antes e durante as eleições com as afirmações de Paulo Guedes de que faria reformas liberais e que impactariam a Zona Franca de Manaus.
Pois bem. Foi eleito. Logo no começo do mandato, em 2019, Paulo Guedes concedeu uma entrevista na Globo News, onde, perguntado sobre a reforma tributária e a relação com a Zona Franca de Manaus, o mesmo disse que não se pode deixar de fazer as reformas que o Brasil precisa só por causa da Zona Franca.
Certo. Mas o tom do Ministro na época não foi nada amigável, mas sim com total descaso. A partir deste momento ficava nítida as pretensões do governo Bolsonaro em relação ao Amazonas.
Uma coisa é pensar no Brasil de forma geral. Outra coisa é querer fazer as coisas na marra, numa canetada, sem pensar nas peculiaridades de cada região.
Os ataques setoriais começaram: concentrados, bicicletas, entre outros setores, cada um com seu ataque gourmet personalizado.
Como eu sempre digo. Se você quiser comer uma sopa bem quente, comece pelas beiras. E assim os ataques vieram, pelas beiras, pelos setores da Zona Franca de Manaus.
O governo federal nunca de fato quis discutir, negociar contrapartidas com os representantes políticos do Amazonas. Cortava uma alíquota x, e depois ajustava para x/2. O fato é que a Zona Franca de Manaus ia perdendo aos poucos.
Em 2021, o governo foi além, e não prejudicou somente a Zona Franca de Manaus, mas também a indústria nacional como um todo ao reduzir em 10% a alíquota sobre o Imposto de Importação sobre bens de informática e bens de capital, fazendo com que produtos estrangeiros/importados se fortalecessem perante os bens nacionais. Fortalecendo principalmente produtos chineses e empregos bem longe do Brasil, sobretudo na Ásia, na China. Nada contra a China, mas é preciso pensar primeiro na gente.
Agora em 2022, precisamente no dia 25 de fevereiro, de forma temporária, e no dia 15 de abril, de forma permanente, Bolsonaro, por meio de dois decretos, cortou em 25% a alíquota do IPI de todos os produtos no Brasil, com pouquíssimas exceções, não tendo excepcionalizado os produtos da Zona Franca de Manaus.
Hoje, dia 28 de abril de 2022, Bolsonaro mais uma vez se utilizando de sua caneta, de forma proposital, pensada e premeditada, resolve zerar a alíquota do IPI dos concentrados e condenar as indústrias deste setor à morte. A alíquota que era de 8% caiu para 6% com o decreto de fevereiro, e agora foi para 0%.
Empresas como Coca Cola e Ambev, dentre outras, deverão deixar Manaus, e acabar com uma cadeia produtiva que gera 7.500 empregos diretos, e muitos e muitos destes empregos estão no interior do Estado do Amazonas.
Diante desta situação, deste cenário, a sociedade amazonense, e muitos empresários e lideranças aparentam estar num estado de anestesia, como se tivessem ingerido alguma substância desnorteadora, tal é o nível de aceitabilidade e tentativas de justificar o governo Bolsonaro. Infelizmente, quando o efeito da substância passar, se passar, será tarde demais.
Desde o primeiro decreto de Bolsonaro em fevereiro de 2022 me posicionei, concedi diversas entrevistas e procurei me comunicar com diversas lideranças na tentativa de sensibizá-los. Dei sugestões, a exemplo de manifestações públicas, nas ruas, dos trabalhadores do distrito, e que estes trabalhadores pudessem ganhar voz com o intuito de explicarem com suas próprias palavras e diante de suas realidades o que estes ataques representam. E, para minha surpresa, não tive grandes feedbacks.
Se Bolsonaro realmente se preocupasse com os brasileiros procuraria cortar tributos sobre os alimentos e subsidiá-los para os mais pobres, os quais não param de subir de preço. Afinal, a fome visita a casa dos brasileiros diariamente, sem trégua.
Ao contrário, Bolsonaro cortou IPI sobre produtos Industrializados. E os preços baixaram? Não, está comprovado que não baixaram. Por acaso os pobres e miseráveis vão passar a comprar mais bens industrializados pelo fato de preço em tese ter baixado (o que não ocorreu)? Evidentemente que não, pois estão brigando todos os dias em ter o que comer, em escolher o óleo de cozinha mais barato no supermercado.
Agora, com o decreto de redução do IPI dos concentrados, o Amazonas vai perder todo um setor, que tem empregos no interior do Estado.
Este governo é o governo da morte. Do fechamento de fábricas, inimigo da indústria nacional, inimigo do trabalhador, inimigo do povo e amigo da fome, da miséria e da desgraça.
Está na hora de Bolsonaro sair do armário e declarar sua verdadeira intenção: passar a motoserra na Amazônia!
Infelizmente, a hora que muitas amazonenses acordarem já será tarde demais. Nossas fábricas e nossos empregos já terão ido pelo ralo.
Mas uma hora este Presidente vai sair da cadeira. Nada dura para sempre! Resta saber o quanto conseguiremos aguentar até este dia.
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