Segundo o professor Luciano Nakabashi, a redução de receitas ou aumento de gastos sem contrapartida são fatores ruins em termos econômicos e não trazem justiça social
A proposta de isenção de impostos para os combustíveis, feita pelo governo federal, é o tema da coluna Reflexão Econômica desta semana, com o professor Luciano Nakabashi. Segundo Nakabashi, uma medida artificial para tentar segurar o preço de um produto como o combustível acaba impactando o dia a dia das pessoas e por isso afeta a popularidade do presidente. Assim, diz Nakabashi, é algo pensado para o momento que é de ano eleitoral e é populista, pois, se por um lado, tem efeito a curto prazo, mostrando que o governo está fazendo algo para ajudar a população, por outro, pode piorar a situação econômica do País.
O professor lembra que existe um problema fiscal no Brasil, onde a pressão por gastos é grande, e ainda existe uma desconfiança do mercado sobre a capacidade do governo em manter controlada as contas públicas. Por isso, afirma, medidas adicionais que provoquem redução de receita ou aumento de gastos sem contrapartida vai acabar gerando um ambiente com mais instabilidade e incerteza em relação à capacidade do governo em manter em dia as suas contas. “Esse cenário pode reduzir investimentos no País, causar fuga de capitais e isso leva à depreciação cambial, o que vai afetar a inflação, e tem impacto pequeno sobre o bem-estar das pessoas.”
Ouça o comentário do economista aqui:
Para o professor, a redução de preço dos combustíveis, principalmente os fósseis, pode ser um incentivo para o maior consumo, o que é ruim para o meio ambiente e, ainda, beneficia somente grandes transportadoras e não o caminhoneiro individual. “Um tipo de política que aparece, as pessoas percebem, mas acaba subsidiando aqueles com condições econômicas favoráveis, como as grandes transportadoras e aqueles proprietários de veículos grandes que usam diesel. Então é o tipo de política populista, para angariar votos, mas que acaba sendo ruim para o País, tanto em termos econômicos como para se fazer justiça social.”
Fonte: Jornal da USP
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