Apenas um em cada cem alertas de desmatamento da Amazônia registrados pela plataforma MapBiomas resultou em algum tipo de sanção por parte do IBAMA, seja por meio de embargos ou autos de infração, entre 2019 e 2020. Dos 115.688 alertas, 1,3%, representando apenas 6,1% do total de área desflorestada, escapou da “miopia” federal. Os dados são de um levantamento realizado pelo Observatório do Clima e pelo Instituto Centro de Vida.
A inação não ocorreu por falta de informações, já que o MapBiomas baseia-se em fontes de dados de sistemas oficiais, como o INPE. Também não dá para alegar falta de funcionários em campo. Em entrevista ao Estadão, a ex-presidente do IBAMA, Suely Araújo, esclareceu que, desde 2017, o IBAMA conta com a operação Controle Remoto, por meio da qual é possível emitir multas a partir de irregularidades identificadas pelo cruzamento de imagens de satélite com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O embargo de áreas – que impossibilita o proprietário da terra de conseguir crédito rural – também é automático, segundo Suely. g1, Carta Capital e Metrópoles repercutiram o estudo.
Tudo indica que os dados de 2021 serão ainda piores, já que o número de multas despencou na proporção inversa ao da destruição da maior floresta tropical do planeta no ano passado. Para aqueles, como o atual presidente, que gostam de subir em púlpitos oficiais da ONU e bradar aos quatro ventos como a Amazônia está protegida, este é mais um dado que – somado aos de recordes de desmatamento – escancara o abismo colossal entre o discurso e a prática da atual gestão no que se refere à política ambiental brasileira.
Se o governo brinca de cabra-cega enquanto a Amazônia arde, o mesmo não acontece com investidores internacionais, que estão cada vez mais atrelando suas decisões de investimento a boas práticas climáticas e ambientais, como destacou ontem (10/2) Heiko Thoms, Embaixador da Alemanha no Brasil, durante live internacional “Green New Deal – Um novo acordo verde para o mundo e para o Brasil”. A live, da série Diálogos Futuro Sustentável, foi transmitida pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) no YouTube.
Fonte: ClimaInfo
Comentários