“Dizendo de outro jeito: o programa ZFM de redução das desigualdades regionais, mesmo que a opinião pública e nossos contribuintes não saibam, é a melhor e mais acertada política socioambiental na história da República do Brasil.”
Wilson Périco
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O ano de 2021 passou mas não deve ser esquecido. Precisamos ter presente as ameaças à economia do Amazonas e Amazônia Ocidental, para retomar a conversa sobre a orquestração que nos persegue e nos esvazia a cada dia. A ZFM vai acabar? Vigilância e mobilização é o mote de primeiros socorros. Nossa contrapartida fiscal, que se encolhe mais e mais, é tratada, hipocritamente, como a vilã deste hospício fiscal chamado Brasil. E, apesar da União e seu apetite tributário nos confiscar 75% da riqueza aqui gerada, somos chamado de paraíso fiscal. Sombrio 2022 estará a nossa espera se não soubermos atuar em mutirão e se descuidarmos de nossa comunicação pra esvaziar a desconstrução em curso.
O flagelo socioambiental desta virada anual é a verdadeira pandemia climática, a propósito, tem sinalizado a maior ameaça a que o planeta está submetido, neste caso, em escala crescente e aterradora. A Bahia é o triste emblema deste alerta que virou realidade. Entre as demandas mais urgentes, a mais dramática nos chamou a atenção. Com 90% das moradias sob as águas violentas das enchentes, as famílias não tinham água potável para seu consumo vital. Com apoio da Força Aérea Brasileira, as empresas do Polo Industrial de Manaus conseguiram despachar consideráveis carregamentos do precioso líquido, entre outros itens coletados por nossa Ação Social Integrada – ASI. Trata-se de uma iniciativa das entidades da Indústria local, da qual dependemos para movimentar 85% da engrenagem socioeconômica regional.
Fizemos nada mais do que nossa obrigação. Afinal, água é nossa dádiva natural, e a maior contribuição desta economia que atua em parceria com o meio ambiente. Estamos falando dos Rios Voadores, das nuvens que saem da Amazônia para despejar águas para o Centro-Oeste e para o Sudeste do Brasil. E por que podemos afirmar com tanta convicção essa bem-aventurada sentença? Nos últimos anos, desde que conseguimos demonstrar – com o suporte da Ciência e da Tecnologia – a equação virtuosa entre a economia do Polo Industrial de Manaus e a conservação da maior floresta tropical do planeta, o programa ZFM, de redução das desigualdades regionais do país, passou a ser reconhecido. Ao menos para União Europeia e Organização Mundial do Comércio, que nos enxergam como referência de desenvolvimento econômico intimamente conectado à sustentabilidade socioambiental. Precisamos dizer isso ao nosso contribuinte, a relevância de nossa contribuição.
E se não soubermos demonstrar – com clareza, objetividade e persuasão – o diferencial de nosso processo produtivo de geração de emprego, renda e oportunidades, o sombrio 2022, não tenhamos dúvidas, vai bater à nossa porta. Mesmo recolhendo 3/4 da riqueza aqui produzida aos cofres federais, estejamos conscientes, as forças politicas dominantes e os interesses inconfessos de muitos grupos poderosos vão pressionar para esvaziar a economia do programa Zona Franca de Manaus. E qualquer coisa que seja colocada em seu lugar, a note aí, não será capaz de proteger a floresta e gerar mais de 600 mil empregos diretos e indiretos como ora fazemos. Podemos deixar a ZFM acabar?
Dizendo de outro jeito: o programa ZFM de redução das desigualdades regionais, mesmo que a opinião pública e nossos contribuintes não saibam, é a melhor e mais acertada política socioambiental na história da República do Brasil. Seus resultados são robustos no crescimento econômico impregnado de sustentabilidade, ou seja, da capacidade de reposição dos estoques naturais e atendimento das demandas sociais. Um novo tempo nos aguarda se soubermos demonstrar com fatos e dados essa preciosa equação. Este é o único jeito de evitar a ZFM acabar.
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