O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva encaminhou nesta 2ª feira (13/12) uma denúncia ao Ministério Público Federal dos estados da Amazônia Legal apontando manipulação no processo de alocação de novos agentes da corporação na região. De acordo com Saraiva, o ministério da justiça mudou os critérios para designação dos agentes recém-contratados pela PF, de maneira a permitir que eles evitem postos em locais mais distantes e inóspitos, como áreas de fronteira e dentro da floresta, e sejam encaminhados para cargos lotados em Brasília. Chico Alves deu mais detalhes no UOL.
Saraiva foi superintendente da PF no Amazonas até junho passado, após denunciar a atuação do ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles com madeireiros suspeitos de ilegalidades na Amazônia. Segundo o delegado, as mudanças na designação dos novos agentes da PF podem resultar em um esvaziamento das equipes que fiscalizam a floresta amazônica, o que prejudicaria os esforços de combate ao desmatamento, ao garimpo e às queimadas ilegais.
“É de espantar que a Portaria [do ministério da justiça, que definiu as mudanças de regra] não limite o número de futuros policiais que poderão ser agraciados com o ‘convite’ [para cargos em Brasília]. Deste modo, a Direção Geral estará livre para lotar em Brasília quantos quiser. Esta circunstância denota a intenção de desviar muitos futuros policiais da região amazônica, do Pantanal e das fronteiras para Brasília”, escreveu Saraiva na denúncia ao MPF. O delegado também divulgou a carta em sua conta no Twitter.
O Congresso em Foco também repercutiu a denúncia.
Em tempo: Por falar em PF, o ex-delegado Jorge Pontes lembrou na VEJA o 20o aniversário de sua Divisão de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (DMAPH), completados neste dia 13. A criação dessa divisão permitiu à PF uma estrutura mais qualificada e articulada para combater ilegalidades ambientais em todo o país. No entanto, Pontes também assinalou que esses esforços têm sofrido retrocessos “profundos e perigosos” nos últimos anos, impulsionados pelas “condescendência e tolerância bastante perceptíveis por parte do ministério do meio ambiente em relação a diversas atividades danosas à natureza”.
Fonte: ClimaInfo
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